Agora a missão é nossa: testemunhar
Ascensão do Senhor [29 de maio de 2022]
[Lc 24,46-53]
“Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Estas palavras ditas pelos anjos por ocasião da subida de Jesus ao Pai são interpretadas pela Igreja como uma palavra que nos exorta a não ficarmos parados olhando para o céu, mas que continuemos nossa caminhada nos preparando para a volta do Senhor. Essa é a missão da Igreja: ensinar e ajudar a viver com o coração no céu e os olhos na terra.
No relato de hoje, Jesus se despede dos seus abençoando-os e confiando-lhes uma missão, a sua própria missão. Jesus não ficará na cova da morte, mas triunfará da morte e do pecado. Ele ressuscitará. E a comunidade dos crentes deverá anunciar o bem que ele fez à humanidade: a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. O discípulo deve dar testemunho de tudo isso.
Dar testemunho significa mostrar com a palavra e com a vida a realidade do que se crê. Dar testemunho da morte e ressurreição de Jesus é expressar com a própria vida a bondade que Jesus manifestou em sua vida. É acolher, perdoar, curar os enfermos, doar-se aos pequenos, enfrentar os riscos e perigos para defender os pequeninos do Reino, é assumir o Deus de Jesus como o absoluto da vida. E tudo isso só será possível mediante a “força do alto”. É o Espírito Santo que dará a força, a luz e a sabedoria para que o discípulo de Jesus possa reproduzir em sua vida as ações do Mestre.
A bênção foi o grande dom que Jesus confiou aos discípulos antes de voltar ao Pai: “Ergueu as mãos e os abençoou”. É muito importante retomarmos a reflexão sobre a bênção. Vem de benedicere=bendizer. É cantar um bendito a Deus pelos dons da criação. É ação de graças ao Pai por tudo que Ele faz por nós. É também dizer palavras de bem para alguém. Foi o que fez Jesus. É o que fazem nossos pais conosco. É o que fazemos com nossos filhos, netos, afilhados etc. Deus nos livre de ser pessoas que amaldiçoam, que carregam a maldade no coração, o desejo de vingança! É preciso que sejamos como Abraão: uma benção (cf. Gn 12,2). Na medida em que nos aproximamos de Jesus, nos tornamos discípulos dele, nos enchemos de Deus, nos deixamos tomar por ele, fazemo-nos uma fonte de bênção para os outros.
O evangelho termina com estas palavras: “E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus”. O evangelho de Lucas começa no Templo – anúncio do anjo a Zacarias – e termina no Templo. Zacarias estava no Templo oferecendo incenso ao Senhor. Aqui os discípulos estão bendizendo. Abençoados por Jesus, elevam uma oração de bênção. A bênção que transmitimos aos outros não é nossa, mas procede de Deus. Ele é o “Sol” e nós somos a “lua” que não tem luz própria, mas reflete a luz do Sol.
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Estamos celebrando o Dia Mundial das Comunicações Sociais com o tema: “Escutar com o ouvido do coração”. O papa Francisco julgou por bem rezarmos o verbo escutar, depois de propor ‘ir e ver’ no ano passado. A seguir um parágrafo da sua mensagem para esse dia: “Também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Nós, cristãos, esquecemo-nos de que o serviço da escuta nos foi confiado por Aquele que é o ouvinte por excelência e em cuja obra somos chamados a participar. «Devemos escutar através do ouvido de Deus, se queremos poder falar através da sua Palavra». Assim nos lembra o teólogo protestante Dietrich Bonhöffer que o primeiro serviço na comunhão que devemos aos outros é prestar-lhes ouvidos. Quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar o próprio Deus.
Na ação pastoral, a obra mais importante é o «apostolado do ouvido». Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade”. (Mensagem do Papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais).
Nesse dia seria bom examinarmos como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar? Como resolvo os conflitos: brigando ou dialogando? Ainda mais: por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites frequento? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Facebook, no Twitter, no Instagram, no WatsApp etc? As redes sociais são um importante instrumento de comunicação, de informação, de formação e de evangelização. Mas é preciso utilizá-las com moderação e sabedoria.
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Gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos a realizar-se nos dias 29 de maio a 05 de junho, que traz como lema: “Vimos o seu astro no oriente e viemos prestar-lhe homenagem” (cf. Mt 2,2). – “Os magos viram a estrela e seguiram-na. Tradicionalmente, comentadores têm visto nas figuras dos magos um símbolo da diversidade de povos conhecidos naquele tempo. Eles representam a universalidade do chamado divino que aparece na luz do astro que brilha vindo do Oriente. A jornada realizada pelos magos até a manjedoura representa a busca da humanidade pela amorosidade de Deus e diversidade da criação. A luz do oriente anunciou a revelação de Deus através do nascimento de Jesus.
Os magos nos revelam que, a partir de Jesus, Deus deseja a unidade entre todas as nações. Eles viajam vindo de países distantes e representam culturas diversas, mas estão impulsionados pela mesma esperança que é a da inauguração de um novo tempo em que os conflitos, discriminações e violências sejam, por fim, superados.
Por isso, as pessoas cristãs são chamadas a ser um sinal de Deus, vivendo de forma concreta a unidade na diversidade. (conic.org.br).
Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN