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Cobiça: fonte de todos os males

aureliano, 30.07.22

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18º Domingo do Tempo Comum [31 de julho de 2022]

[Lc 12,13-21]

 “A vida do homem não consiste na abundância de bens”. Essa palavra de Jesus deve nos acompanhar sempre.

Alguém poderia perguntar: ‘Por que Jesus não resolveu aquela situação que lhe foi apresentada pelo irmão que se sentia lesado na herança?’ A resposta é que Jesus não veio resolver questões de poder pelo poder. Ele não veio para se meter em confusão de distribuição de herança. Ele veio para mostrar que os bens precisam ser repartidos, distribuídos. A consciência moral é que precisa ser bem formada para que as pessoas e o Estado se sensibilizem diante do sofrimento alheio e reparta o pão com o necessitado. Para que ninguém passe necessidade (cf. At 4,34).

O relato do evangelho desse domingo nos convida a uma reflexão profunda, diria mesmo, a um exame de consciência sobre o modo como lidamos com os bens materiais; como lidamos com a “concupiscência dos olhos” (1Jo 2,16).

“Não cobiçarás...” (Ex 20,17). É o Décimo Mandamento da Lei de Deus. O Evangelho de hoje nos permite fazer uma visita aos Mandamentos da Lei de Deus, particularmente ao último. Eles andam tão esquecidos, ultimamente! Será que a Aliança de Deus é também temporária, descartável? Parece que não! Deus estabeleceu com seu Povo uma Aliança eterna, para sempre. E Ele permanece fiel!

O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que “o apetite sensível nos faz desejar as coisas agradáveis que não temos”. Enquanto não nos conduzem à injustiça, tudo bem. O problema é quando esse desejo se converte em avidez que é o desejo de apropriação desmedida dos bens terrenos. Ou quando se converte em cupidez que é uma paixão imoderada pelas riquezas e pelo poder. Então o ser humano se desvia da relação filial com Deus.

Esse Mandamento quer ajudar a lidar com os bens e posses sem apegos desmedidos, sem acúmulos, sem idolatrar dinheiro e coisas. O sábio já dizia: “O avaro jamais se farta de dinheiro” (Eclo 5,9). E o Apóstolo exortava: “A raiz de todos os males é, de fato, o amor ao dinheiro” (1Tm 6,10).

O Congresso Nacional e o Governo Federal precisam implementar o chamado Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Cinco mil famílias brasileiras detêm o equivalente a 40% do Produto Interno Bruto. Tramita no Senado projeto de lei que prevê a criação de um imposto sobre grandes fortunas com o objetivo de arrecadar recursos para financiar ações em favor das populações mais vulneráveis acometidas pelas doenças e pela fome. A proposta é tributar os patrimônios acima de R$ 4,67 milhões. As estatísticas comprovam que a desigualdade social no país durante a pandemia se agravou: o Brasil teria iniciado o ano de 2021 com 7,9 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza (2,8 milhões a mais do que antes da pandemia), enquanto o número de brasileiros bilionários teria crescido de 45 para 65 entre 2020 e 2021 ( cf. Agência Senado).

Notamos, porém, que não há nenhum empenho da classe política em aprovar projetos semelhantes porque ou suas fortunas seriam tributadas ou as fortunas daqueles que sustentam seus mandatos teriam que pagar os impostos, repartindo o bolo a que todos têm direito.  Uma calamidade nacional! Mas a mudança passa por aí. Todos têm direito ao pão na sua mesa, ao digno  tratamento de saúde, à segurança de ir e vir, à moradia digna. O Papa Francisco tem proclamado em alto e bom som que um dos maiores pecados da humandade é a desigualdade social: “No mundo de hoje, muito poucas pessoas ricas possuem mais do que o resto da humanidade. É uma injustiça que clama aos céus!”.

O que nos pode ajudar no caminho para não cairmos na idolatria do dinheiro é buscarmos uma vida de partilha. É o caminho da felicidade verdadeira. E a Igreja orienta: Todos os fiéis de Cristo “devem dirigir retamente seus afetos, para que, por causa do uso das coisas mundanas e do apego às riquezas contra o espírito da pobreza evangélica, não sejam impedidos na busca da caridade perfeita” (Lumen Gentium, 42).

É muito oportuno lembrar aquelas palavras de Jesus: “Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração” (Mt, 6, 21). Qual é mesmo o nosso verdadeiro tesouro? Que importância damos aos bens que contam realmente? Como temos administrado o dinheiro, os bens, o patrimônio que nos foi confiado? Como lidamos com o “bolsa-família”, com o “seguro-desemprego”, com o “auxílio emergencial”, com o cargo público e consequentes ordenados e privilégios, com o empréstimo de dinheiro, com a compra e venda de mercadoria, com o cumprimento dos horários de trabalho, com o cuidado com os bens que não são meus (privados ou públicos), com aqueles que também são meus, com a relação à justiça para com funcionários/colaboradores etc, etc?

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“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”

Recorde um pouquinho a Campanha da Fraternidade de 2010. O uso das coisas deste mundo deve ser de tal modo que nos torne “ricos para Deus”. O sentido da vida não está na posse de muitos bens, mas na administração deles de tal forma que sejam colocados a serviço de todos. Em outras palavras: os bens deste mundo foram criados para todos. É o princípio da “destinação universal dos bens”.

Vale a pena, nesta oportunidade, recordar o perigo da chamada ‘teologia da prosperidade’. O que é isso? Uma interpretação de textos aleatórios da Bíblia para defender a ideia de que Deus dá riqueza material a quem ele julga justo. E que a miséria é fruto da falta de fé e da consequente maldição da parte de Deus. A esse propósito trago uma palavra oportuna dos nossos Bispos ao tratar da realidade da cultura urbana: “Entristece ver que, em um mundo de individualismo consumista, até mesmo a religião é, às vezes, assumida sob a ótica comercial e da prosperidade financeira (Jo 12,2-17)” (Diretrizes Gerais 2019-2023, Nº 55).

Ora o que diz Jesus? “A vida do homem não é assegurada pela abundância de bens”. Não há dinheiro que garanta uma vida terrena imperecível, sem sofrimentos, sem morte. Jesus quer que vamos além. A vida que ele veio trazer é “plena”. É a vida junto dele que já tem começo aqui. Uma vida vivida no coração amoroso do Pai é a grande bênção que ninguém pode tirar.

O entendimento do progresso material, do enriquecimento como bênção e da pobreza como abandono da parte de Deus, leva a pessoa à prática da idolatria, assumindo os bens materiais como a coisa mais importante da vida, reduzindo sua relação com Deus a um nível puramente comercial e interesseiro. Afasta-se totalmente do ensinamento de Jesus que doou toda a sua vida e pediu que seguíssemos seu exemplo. Do contrário, do ponto de vista material, Jesus teria sido o homem mais rico e poderoso, que já existira, pois fora sempre fiel ao Pai. O erro aqui está na interpretação egoísta e interesseira da vida e dos textos bíblicos.

É fácil perceber o que é mesmo fundamental na vida humana quando nos deparamos com situações-limite. Aquela pessoa que está muito mal, prestes a morrer. O que parece mais importante para ela? O dinheiro? Seus bens materiais? Até mesmo a família e amigos entendem que há algo aí mais importante do que a dimensão econômica ou social. Percebe-se aí como é fundamental a dimensão espiritual, sua relação com Deus Pai Criador. Só essa realidade fundante é que lhe poderá dar sustento nesse momento. O que lhe dá conforto agora não são os bens que adquiriu, os negócios feitos com lucro, mas tudo o que ela fez e se tornou amor.

Um mal muito presente em nosso meio, fruto da cobiça, é a inveja. É um vício que dá origem a outros. “É a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação” (Catecismo da Igreja Católica, 2539). Dela nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria diante da desgraça do outro, o desprazer diante de sua prosperidade. Só uma vida vivida em Deus, num exercício de conversão cotidiana, de um esforço em viver na humildade, na simplicidade, no desapego é que possibilitará o combate a esse mal terrível.

“Insensato! Essa noite morrerás e para quem ficará o que acumulaste?”A grande bênção de Deus é a nossa capacidade de compartilhar com os irmãos, de nos compadecermos, de doarmos um pouco de nós, de nos fazermos dom. O resto é idolatria e egoísmo geradores de infelicidade para si e para os outros.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Pra que rezar? Como rezar?

aureliano, 23.07.22

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17º Domingo do Tempo Comum [24 de julho de 2022]

[Lc 11,1-13]

Dois elementos fundantes devem acompanhar a reflexão do cristão sobre a oração: o risco de reduzir Deus a um bem de consumo para solução de suas próprias insuficiências e preguiça, e o risco de reduzir-se a si mesmo a um ser que lança sobre os outros sua própria responsabilidade.

Notamos, sobretudo no evangelho de Lucas, que Jesus era um homem profundamente orante. Buscava estar sempre em sintonia e comunhão com o Pai. No relato de hoje Jesus está em oração e os discípulos lhe pedem: “Senhor ensina-nos a rezar”. E Jesus, antes de tudo, lhes ensina a oração do Pai nosso.

Jesus introduz um jeito novo de rezar. Ensina aos discípulos uma oração de profundidade, de comunhão, de adoração, de comprometimento com as necessidades das pessoas. Uma oração de confiança, de entrega, de perseverança. O sentido da oração está em colocar-se na presença de Deus para viver sempre n’Ele, por Ele e para Ele.

Pra que pedir ao Pai se Ele já sabe de nossas necessidades? (Cf. Mt 6,8). A oração não tem o condão de convencer a Deus, como se fôssemos bons advogados, mas de nos colocarmos como dependentes do Pai, tal como a criança diante dos seus pais. Não damos conta de caminhar sozinhos, de resolver as coisas sozinhos, de dar sentido ao nosso viver independentes do Criador. É Ele que nos preenche e satisfaz.

Dizia o Papa Francisco aos jovens no Rio de Janeiro: “É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momento de embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. E acabamos empanturrados, mas não nutridos; e é muito triste ver uma juventude empanturrada, mas fraca. A juventude deve ser forte, nutrir-se da sua fé e não empanturrar-se com outras coisas! «Bote Cristo» na sua vida, bote n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará!” (25 de julho de 2013). Francisco quer dizer que somente Jesus Cristo e uma vida vivida segundo o Evangelho nos poderão preencher profundamente.

Nossa oração deverá, pois, perfazer o caminho que Jesus fez. A oração de Jesus é o modelo de oração para todos nós: “Eu te louvo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pequeninos”. “Pai, santificado seja teu nome, venha teu reino, seja feita a tua vontade”. “Pai, faça-se a tua vontade e não a minha”. “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.  A oração dos pobres que acorriam a Jesus deve ser modelo de nossa oração: “Filho de Davi, tem piedade de mim”. “Senhor, se queres, podes curar-me”. “Senhor, vem antes que meu filho morra”. “Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa”.

Segundo os ensinamentos do evangelho de hoje, nossa oração não pode ser na linha de reduzir Deus a um objeto de consumo, mantendo com Ele uma relação de compra e venda. O que não seria Deus, mas uma caricatura de Deus. Também não podemos jogar para Deus aquilo que é de nossa responsabilidade. Não podemos pedir a Deus que resolva nossos problemas, mas pedir a Ele que venha em nosso socorro para que saibamos lidar com os problemas de cada dia. Pois Deus não é uma conquista, mas um dom. A única coisa que nos cabe é acolhê-lo com gratuidade e alegria como Senhor absoluto de nossa vida.

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A ORAÇÃO DO DISCÍPULO DE JESUS

É interessante observar como se multiplicam as orações e as fórmulas de orações por aí! Muitos insistem em orações poderosas. Parece que determinadas orações têm mais poder do que outras. Fazendo-se determinadas preces e realizando-se certos rituais se alcança o que se pede etc.

É bom olharmos o Evangelho de hoje. Em primeiro lugar, aparece Jesus como um homem orante. Quando termina sua oração os discípulos lhe pedem: “Ensina-nos a orar”. Daqui se depreende que em primeiríssimo lugar precisamos aprender de Jesus a fazer nossas orações. Ou seja, precisamos olhar para Jesus. Como ele rezava, o que rezava, em que situações rezava.

A oração que ele ensinou de imediato aos discípulos é a oração que costumamos fazer muitas vezes ao dia: o Pai nosso. Aqui está resumido todo o ensinamento de Jesus. Uma oração que nos remete sempre ao Pai e ao comprometimento com os irmãos. Isso significa que a oração de petição: “pedi e recebereis”, deve sempre nos colocar no coração do Pai e na vida dos irmãos. Nossa oração deve nos ajudar a sair de nós mesmos.

Uma oração egoísta não atinge o coração do Pai. A oração que fazemos pedindo ao Pai pelos outros, pela comunidade será sempre atendida, pois não buscamos nossos interesses egoístas, mas os interesses da comunidade. E Deus sempre atende à oração que nos abre aos outros, pois aí se realiza a vontade do Pai. A oração deve nos fazer melhores.

A vida de Jesus foi sempre conduzida pelo Pai. Sua oração era sempre em vista de realizar a vontade do Pai. Colocar-se confiante nas mãos do Pai, eis a melhor oração que alguém pode fazer.

Onde e quando devemos fazer nossa oração? A casa, o quarto, a capela, o local de trabalho, a rua etc. Todo lugar é lugar de oração. Quando conseguimos um espaço mais silencioso e calmo, certamente nossa oração será mais centrada, mais meditativa, mais contemplativa, mais eficaz. Cada um deve buscar um espaço para sua oração. O importante é não passar sem oração.

A manhã, sem dúvida, é o melhor tempo para nossa oração mais profunda. Dizia o grande teólogo protestante, Bonhöeffer: “A oração da manhã decide o dia. O tempo desperdiçado, as tentações às quais sucumbimos, a preguiça e a falta de coragem no trabalho, a desordem e a indisciplina dos nossos pensamentos e das nossas relações com os outros, têm muitas vezes a sua origem no fato de sermos negligente na oração da manhã”. Lutero dizia que rezar deveria ser a primeira coisa a fazer quando acordamos.

Quanto às fórmulas de oração, há muitas: espontâneas, prontas, leitura orante, liturgia das horas e a oração por excelência, a Eucaristia. Esta deve estar no coração de nossa vida. É aí que culminamos nossas ações do cotidiano. É aí, na Eucaristia, que nos alimentamos para não desanimarmos no caminho da realização da vontade do Pai.

Cada um busque fazer sua oração de intimidade com o Pai, sem busca desesperada de negociar com Deus. Mas pedindo ao Pai sua presença amorosa para si e para aqueles que precisam da graça dEle mediada pela nossa presença e participação. Pois uma oração que não nos faz melhores, mais humanizados, mais humildes, mais servidores é sinal de que não é oração inspirada em Jesus, mas no próprio egoísmo. A oração precisa nos humanizar, nos divinizar. E isto, não pela nossa força, mas pela ação da Graça de Deus que encontra abertura em nós.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN.

O único necessário

aureliano, 16.07.22

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16º Domingo do Tempo Comum [17 de julho de 2022]

[Lc 10,38-42]

Jesus caminha para Jerusalém. Na Samaria tem dificuldade de acolhimento, pois judeus e samaritanos são inimigos figadais. O episódio do relato deste domingo mostra o modelo de acolhida orientado por Jesus. Ele não quer contrapor Marta e Maria, vida ativa e vida contemplativa. Nem quer condenar a atitude de Marta. Afinal alguém tinha que preparar a casa e a refeição!

Jesus quer mostrar que Marta está fora dos limites. Corre demais, se agita, se preocupa demais com os afazeres. Seu modo de trabalhar não corresponde ao modo humano de lidar com os trabalhos e atividades. É preciso trabalhar, mas sem perder a calma, a serenidade. É preciso cuidar para que o trabalho não seja nem fuga de si mesmo nem ídolo a quem sacrificamos nossa vida. O trabalho precisa ter um sentido divino.

Também em nossas comunidades corremos o risco de trabalharmos muito, de corrermos muito, de colocarmos as pessoas sob pressão, nervosismo e afobação desviando-as daquilo que é essencial na vida: fazer a experiência do amor de Deus aos pés do Mestre. Maria é o exemplo de quem busca o essencial, o “único necessário”. Sem esse encontro de intimidade com o Senhor, nossa missão se transforma em ação dispersiva e vazia. Cansa e não contagia ninguém. “Podemos deparar-nos com comunidades animadas por funcionários afobados, mas não por testemunhas que irradiam seu vigor” (Pe. Antônio Pagola).

Ademais, é bom pensarmos, por outro lado, naquelas propostas muito em voga em nossos dias, de uma mistificação vazia com o nome de espiritualidade. Há muita gente correndo atrás de “energias positivas”, entrando debaixo de pirâmides, fazendo exercícios “místicos” em busca de equilíbrio e harmonia interna. Isso pode ajudar muito, psicologicamente. Mas dar a isso o nome de espiritualidade é falsear o que esse termo significa, pelo menos do ponto de vista cristão. Espiritualidade é deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus. É uma forma de vida segundo o Espírito. É movimento na direção dos irmãos, pois o Espírito é Sopro.

Então é preciso ter cuidado com práticas mistificadas que podem fazer a pessoa voltar-se para si mesma, colocando-se como centro do mundo, esquecendo-se dos irmãos a seu redor. Só tem sentido o exercício espiritual que nos faz sair de nosso egoísmo e nos colocarmos a serviço dos irmãos mais necessitados. Foi esse Espírito que animou Jesus e seus seguidores na história. Marta e Maria representam duas realidades complementares que precisam ser bem integradas dentro de nós.

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HOSPITALIDADE: ACOLHER O OUTRO COMO DOM

De um modo geral, o brasileiro é muito acolhedor. A experiência nos mostra que, ao bater à porta de alguém, esperamos sempre ser acolhidos, ouvidos. Normalmente as pessoas nos convidam para entrar, para tomar um cafezinho etc. Perguntamos: O que significa mesmo ser acolhedor, receber visitas?

Neste domingo temos, na liturgia, dois exemplos de hospitalidade: Abraão e Marta. Abraão nos ajuda a perceber o mistério escondido na hospitalidade: a promessa que se realiza no dom do filho (Isaac). Marta e Maria nos ensinam que, antes de fazer muitas coisas para o hóspede, é preciso saber acolher, ouvir o ensinamento (de Jesus).

O ativismo não deixa sobrar tempo para os outros, nem mesmo para a família. Há muitas mães e filhos que reclamam a ausência do marido e pai por sair demais de casa, por trabalhar demais. Quando a ‘casa’ desmorona fica-se perguntando o porquê. Pode ser tarde demais! Muita gente diz que não tem tempo para servir à comunidade. Está gastando o tempo em quê? Um dia terá que parar pela doença, pela idade ou pela morte. E pode ser tarde demais!

Observamos que Abraão escolheu o melhor de sua cozinha para seus hóspedes. Maria deu o melhor de si, seu tempo todo para escutar o Mestre. Marta foi censurada por se ocupar com muitas coisas, desprezando o “único necessário”. Um bom anfitrião pode servir o melhor possível, mas se não escuta o que o visitante tem para dizer, fará uma montão de coisas, e a finalidade real da visita não se realizará. Nossa preocupação não pode se centrar nos nossos afazeres: almoço, churrasco, granfinagem, mas na pessoa, no seu rosto e nas suas palavras que nos interpelam. Senão nossa hospitalidade vai se transformar em exibicionismo, auto-afirmação, vaidade. Jesus lembra a Marta que ela precisa se preocupar com o “único necessário”.

Vivemos num tempo de muita agitação. “Tempo é dinheiro”, dita o Mercado. Não se pode perder tempo. Esse ritmo faz a vida perder o sentido. Vivemos num ritmo desesperado, estressante, provocado por essa busca frenética do ter que relativiza o ser, oferta gratuita de si para a vida dos outros.

Então perguntamos: o que é mesmo essencial em nossa vida? O que é mais importante: fazer muitas coisas, trabalhar muito, falar muito, correr o dia inteiro, engordar a conta-poupança? Será que não estamos precisando de parar um pouco e ouvir a Palavra, escutar o que Deus nos quer falar? A liturgia da Palavra de hoje nos convida a parar, gastar tempo com o outro, oferecer o melhor de nós, estar mais com a família, desligar o computador, a TV e o celular de vez em quando. - Você consegue passar um dia sem acessar internet ou sem ‘zapear’? A Palavra de Deus nos provoca e nos desinstala, convidando-nos a parar e ouvir as pessoas, a fazer algumas visitas, a estarmos gratuitamente um pouco mais com aquelas pessoas abandonadas, sozinhas, isoladas, sofridas. A acolher em nossa casa aqueles que nos buscam ou precisam de nós; não tanto de nossas ‘coisas’, mas de nós, de nosso tempo, de nosso ouvido, de nossa compreensão, de nossa participação em sua vida.

O fundamento da hospitalidade e do acolhimento cristãos é saber compreender que o centro de nossas preocupações não deve ser nossa incansável atividade cotidiana, mas a pessoa humana que nos é dada e que nós recebemos, tantas e tantas vezes, como um dom da parte de Deus. 

Nosso encontro com o Senhor na Celebração Eucarística quer renovar em nós o vigor para nos colocarmos na atitude de Abraão e de Maria que param e escutam o que Deus lhes quer falar. “Uma só coisa é necessária”.

Pe. Aureliano de Moura  Lima, SDN

Por uma Igreja Samaritana

aureliano, 09.07.22

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15º Domingo do Tempo Comum [10 de julho de 2022]

[Lc 10,25-37]

O Evangelho de hoje vem provocar os líderes religiosos a fazer um exame de consciência. O único interesse daqueles homens religiosos era exercer seu papel litúrgico no culto do templo. Uma prática religiosa totalmente separada da vida. O relato deixa entrever que, para o sacerdote e o levita, basta o culto no templo. A salvação está em realizar um rito e cumprir normas religiosas. Já a atitude do samaritano, recomendada por Jesus, vem mostrar que o mais importante na vida é o cuidado com o outro que precisa de mim, independente de quem seja. A frequência do templo deve levar ao cuidado para com os irmãos (cf. Tg 2,14-26). É o princípio da misericórdia que opera a salvação do ser humano.

Nos seminários, casas de formação, no clero de modo geral e também entre alguns leigos há uma excessiva preocupação com panos, objetos e práticas litúrgicas. Não que essa realidade da Igreja não seja importante. Desde que ela nos torne mais identificados com Cristo, nos aproxime mais dos sofredores, nos ajude a ser mais misericordiosos. O problema está no excesso. Há uma concentração no templo em detrimento daqueles que estão nas “periferias”. Olhando a vida dos santos nós os notamos envolvidos e preocupados com os marginalizados. Vejam Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce dos Pobres, Pe. Júlio Maria etc. Muita gente de Igreja, hoje, pensa que ser santo é estar dentro do templo. Não está havendo uma distância entre a santidade proposta pelo evangelho, que é viver a compaixão para com os sofredores, e a proposta que alguns grupos e líderes religiosos fazem, hoje?

Onde estamos? Como temos vivido nossa fé cristã? Que tipo de envolvimento e de apoio temos dado às pastorais sociais (pastoral da criança, pastoral carcerária, pastoral do menor, pastoral de rua, pastoral familiar, associações de bairro, conselhos municipais etc)? Como está o caminho de conversão pastoral que a Igreja deve fazer?

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“VAI E FAZE A MESMA COISA”

“Quem é o meu próximo?” Foi a segunda pergunta daquele escriba que buscava saber o caminho que conduz à vida eterna.

É interessante notar que as pessoas se apresentavam a Jesus e faziam suas perguntas e pedidos a partir de seu lugar social. Os excluídos e marginalizados pediam para andar, enxergar, ser saciados, ser reintegrados ao convívio social etc. Já aqueles que possuíam uma condição de vida estável, social e financeiramente, queriam saber o caminho da “vida eterna”: “O que devo fazer para alcançar a vida eterna?” Sua preocupação estava mais com o além, com o que vem depois da morte.

Jesus conta uma historinha que faz pensar mais concretamente. E a sua resposta àquele homem implica a vida eterna. Ou seja, a vida eterna está intimamente relacionada com a vida que levamos aqui. O mandamento do amor a Deus acima de tudo (Dt 30, 10-14) está estritamente ligado ao amor do próximo. O cristão revela Deus ao mundo com seu amor concreto pelos pobres. Nossas escolhas definem quem somos e em quem acreditamos.

Quem quiser alcançar a vida eterna precisa “perder” a sua vida pelos outros. O samaritano estava em viagem, com um programa de vida, certamente com os dias e os negócios marcados. De repente aparece aquele “estrangeiro” em sua vida. E ele socorre. Diferentemente dos ‘servidores’ do Templo, que não tinham tempo a perder nem podiam se contaminar com aquele homem semimorto.

A resposta de Jesus à conclusão óbvia do escriba (próximo foi aquele que usou de misericórdia com o homem caído) nos remete à Eucaristia: vai e faze o mesmo. O verbo fazer está nas palavras da instituição: “Fazei isto em memória de mim”. O fazer para alcançar a vida eterna se mistura com o fazer do cuidado com o próximo e o fazer isto em memória do Senhor. A eucaristia que celebramos nos envia sempre a fazer algo pelo próximo. “Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). E a Mãe de Jesus nos convoca: “Fazei tudo o ele vos disser”(Jo 2,5).

Não basta saber quem é o meu próximo, mas fazer-me próximo daquele que precisa de mim naquele momento. Cuidar da avó ou da tia idosa visando a herdar sua casa, seus bens, usufruir de seus benefícios previdenciários não é amar. Amar é cuidar desinteressadamente, na gratuidade, oferecendo o que somos e temos: azeite, vinho, cavalgadura, dinheiro, tempo.

Se a Eucaristia que celebramos não nos move ao encontro do próximo, a sairmos de nós mesmos, a doarmos um pouquinho de nosso tempo, de nossos dons, de nossas coisas àqueles que precisam de nós, então nosso louvor estará sendo somente de lábios, vazio, longe de Deus: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Is 29,13). O Senhor recomendou em outro lugar: “De graça recebestes; de graça dai” (Mt 10,8). “A alegria do discípulo do Reino não deve se apoiar no que faz para os outros, mas no que o Senhor fez por ele: ‘Vosso nome está escrito no céu’” (Frei Gabriel, FMM).

Para ajudar um pouco mais a reflexão: Num bairro pobre, onde há muitas crianças cujas mães não podem trabalhar porque precisam cuidar de seus filhos, vivendo por isso uma vida miserável, há dois grupos de pessoas interessados em ajudar. Um grupo pensa em se organizar e fundar uma creche possibilitando melhor qualidade de vida para as crianças e para as mães. Outro grupo se preocupa em arrecadar cestas básicas, fraldas, remédios, leite etc. Como se podem entender essas diferentes práticas? Com que grupo me identifico mais? Qual grupo se aproxima mais do evangelho? “O sinal que fará com que Deus nos identifique como seus filhos é o sinal da compaixão para com os que sofrem” (Pe. José Carlos Pereira).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Pedro, a rocha; Paulo, a missão

aureliano, 01.07.22

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Solenidade de São Pedro e São Paulo [03 de julho de 2022]

[Mt 16,13-19]

Hoje celebram-se na Igreja duas vocações distintas e complementares: Pedro governa as responsabilidades da evangelização. Alguns o identificam com o fundamento institucional da Igreja. Jesus lhe dá o nome de Pedro que significa “pedra”, “rocha”. Sobre sua profissão de fé a comunidade é edificada. Cefas, Kepha significa gruta escavada na rocha. Nessa gruta os pobres ou os animais se escondem e/ou moram. Aí é o lugar do cuidado, da proteção, da geração da vida. A Igreja torna-se, pois, o lugar privilegiado do cuidado da vida. É a caverna rochosa onde os pequeninos do Reino encontram abrigo e cuidado.

Pedro recebe o “poder das chaves”, isto é, o serviço de administrador da comunidade. Recebe também o poder de “ligar e desligar”, isto é, o poder da decisão, da responsabilidade pastoral para orientar os fiéis no caminho de Cristo. Esse ministério é confirmado por outros textos: “Confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31). “Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21, 15). É a intenção clara de Jesus em prover o futuro da Igreja.

Paulo é o fundador carismático da Igreja. Aquele que se preocupa com a ação missionária da Igreja. Tem a preocupação de anunciar além-mar. Por isso é cognominado “Apóstolo das Gentes”. Representa a criatividade missionária. Vai para além do institucionalizado. Rompe com normas e leis que prendem o evangelho: Verbum Dei non est alligatum – “A palavra de Deus não está algemada” (2 Tm 2,9).

A complementaridade desses dois carismas fundadores da Igreja continua atual: a responsabilidade institucional e a criatividade missionária. Alguém deve responder pela instituição, pois esta dá suporte ao missionário. Por outro lado, alguém tem que “pisar no acelerador” da missão, sem se prender muito, para que a missão não fique refém de normas rígidas e anacrônicas. O novo desafia o institucionalizado e o atualiza. A tensão entre ambos é que mantém acesa a chama da missão.

Nesse “Dia do Papa” seria bom reaquecermos nossa veneração e acolhida à pessoa e à palavra do Papa, sucessor de Pedro. Ele é o sinal da unidade e da caridade da Igreja. Com os limites que são próprios ao ser humano, ele continua sendo o sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, reconhecido pela Igreja, desde a antiguidade, como aquele que “preside a assembléia universal da caridade” (Santo Inácio de Antioquia , século II).

O que importa nessas considerações é sermos pessoas que, como Pedro e Paulo, tenham a coragem de doar a vida pela causa do Reino de Deus. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Eles se doaram até ao sangue.  E nós? Onde estamos na doação, na entrega, na missão? Como zelamos pela nossa Igreja? Como anda nossa identidade cristã e católica frente às afrontas e desrespeito ao evangelho, à vida e à Igreja? Até que ponto sou comprometido com minha comunidade eclesial?

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Pedro e Paulo: coragem e fidelidade batismal

São Pedro e São Paulo coroam o mês de junho e as festas juninas. É interessante notar que não se trata somente de festas populares, mas há uma espiritualidade subjacente a esses momentos dentro de nossas comunidades. A alegria, o encontro, a dança, as manifestações da piedade popular, as celebrações... Claro que, em grande medida, as festas são mais pagãs do que cristãs. Muitos se valem destas festividades para lucrar muito dinheiro e garantir “curral eleitoral”. Outros se entregam à bebida e às drogas, desvirtuando o clima de alegria, confraternização e celebração da comunidade. Mas não podemos deixar morrer o sentido original e cultural destas festividades. Ainda mais: deve ficar a mensagem de que os santos mais populares deste mês: Santo Antônio, São João e São Pedro, são homens que viveram para Deus e testemunharam com sua vida a fé que professaram em Jesus Cristo.

Hoje, ao celebrarmos São Pedro e São Paulo, solenizamos as duas colunas da Igreja. "Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram à única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem, por toda a terra, igual veneração" (Prefácio da missa). Pedro representa a Igreja institucional, é a "Pedra" que recebe a incumbência de "confirmar os irmãos", enquanto Paulo representa o carisma missionário, atravessa mares e desertos para anunciar a Boa Nova do Reino, formando novas comunidades cristãs.

A profissão de fé de Pedro é a base da comunidade cristã: "Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo". É nessa fé que a Igreja se firma e caminha. É o Espírito que sustenta a caminhada da Igreja. Ela não se instituiu sobre "carne e sangue", mas no Amor gratuito do Pai revelado na entrega livre do Filho pela salvação da humanidade (cf. Jo 10,18).

As "chaves do Reino" que são confiadas a Pedro devem sempre abrir as cadeias e algemas daqueles que estão dominados pelo mal. Quanta gente presa nas amarras da mentira, da ambição, da corrupção, do ódio, do preconceito, do medo, da enganação! Nosso mundo precisa, cada vez mais,  das "chaves do Reino" para abrir-se a mais partilha, mais sentido de vida, mais perdão, mais fraternidade, mais respeito, mais equidade e compreensão.

Quando lançamos um olhar de fé sobre esses dois homens cuja solenidade celebramos hoje, percebemos quão distantes ainda estamos da vivência de uma fé autêntica, corajosa, testemunhal!

Pedro foi encarcerado por causa da fé! Levou às últimas consequências sua profissão de fé: "Tu és o Cristo". Paulo também foi preso, ameaçado e perseguido pelos de dentro e pelos de fora. Mas levou até ao fim sua missão: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. (...) O Senhor me assistiu e me revestiu de forças, a fim de que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada e ouvida por todas as nações" (2Tm 4, 6-7.17).

Até que ponto damos conta de sustentar nossa fidelidade ao Evangelho, levando às últimas consequências nosso batismo? Quais são as ilusões ou dificuldades que nos fazem desanimar, abandonar a missão, a comunidade? O que constitui o "conteúdo" de nossa vida: Jesus Cristo ou as vaidades e posses da sociedade capitalista e consumista? O que preciso deixar e o que preciso abraçar com mais vigor para ser verdadeiro discípulo como Pedro e Paulo?

Nesse dia a Igreja nos pede orações pelo Papa. Ele é o sucessor de Pedro. É ele que “preside a assembleia universal da caridade” (Santo Inácio de Antioquia) e é o sinal visível da unidade da Igreja. Peçamos ao Senhor que lhe dê muita luz para conduzir a Igreja pelos caminhos de Jesus. E lhe dê muita força e coragem para enfrentar os obstáculos e as resistências que essa sociedade e as situações difíceis que os "de dentro" lhe oferecem. E que tenha a sabedoria necessária para ajudar a Igreja a se abrir ao diálogo com o novo que surge a cada dia na fidelidade a Jesus e à sua missão.

O Papa Francisco tem surpreendido o mundo com seus gestos de simplicidade, de humildade, de acolhida, de uma palavra profética. Precisamos prestar mais atenção a seus ensinamentos. Ele nos aponta o verdadeiro caminho pelo qual a Igreja deve passar. Ele pede uma Igreja em saída para as periferias geográficas e existenciais. Uma presença e defesa dos mais pobres. “Prefiro uma Igreja acidentada, a uma Igreja doente por fechar-se”.

“A defesa do inocente nascituro, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque nesse caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda a pessoa, independentemente do seu desenvolvimento. Mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandona, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte. Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente” (Gaudete et Exsultate, 101).

  • “No próximo domingo, 03 de julho, a Igreja celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo apóstolos. Nesta mesma data, ocorre a coleta para o Óbulo de São Pedro, que é destinada para as obras sociais, iniciativas humanitárias e de promoção social do Papa Francisco. Toda a arrecadação deste dia é encaminhada integralmente à cúria de cada arqui/diocese, que por sua vez envia à Nunciatura Apostólica, que é a representação do Vaticano no Brasil” (cnbb.org.br).

 Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN