Mãe Aparecida, transforma-nos em vinho bom!
Nossa Senhora Aparecida - 12 de outubro
[Jo 2,1-11]
Diferentemente dos outros evangelistas, João não apresenta Jesus chamando publicamente as pessoas para a conversão ao Reino de Deus (Mt 4,17; Mc 1,15). João apresenta Jesus iniciando sua vida pública numa festa de casamento. Em Israel o casamento é imagem da aliança de Deus com seu povo (cf. Os 2,19-22).
Neste mesmo capítulo notaremos a discussão a respeito do templo quando Jesus se apresenta como o Templo de Deus, substituindo o templo de Jerusalém que se tornara objeto de exploração dos pobres (cf. Jo 2,13-22). Então o relato de hoje quer mostrar que Deus Pai fez uma nova aliança com a humanidade na pessoa de Jesus de Nazaré. Um novo casamento. Por isso, no evangelho de João, temos a narrativa do primeiro sinal de Jesus numa festa de casamento.
Aqueles aparatos da festa são metáforas da religião antiga que deveria ser renovada pela presença salvadora de Jesus. As talhas, a água, o encarregado são símbolos de uma realidade que precisava ser renovada pelo amor incondicional que Jesus trouxe e revelou, representada no vinho. O vinho novo é o amor de Jesus manifestado “até o fim” (Jo 13,1).
“A mãe de Jesus estava lá”. É muito interessante interpretar essa expressão do evangelho. Primeiro, não tem nome. É mais do que a mãe de Jesus. Ela representa a comunidade cristã. Depois, é a noiva do casamento que está à procura do noivo. O casamento, a aliança se dará na Cruz, a Hora de Jesus que naquela festa de casamento ainda não havia chegado. Na cruz ele dirá: “Mulher, eis aí teu filho”.
Relacionada a Maria, mãe de Jesus, está aquela bela palavra que atravessou séculos como uma ordem da Mãe de Deus: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Esta palavra deve continuar ecoando em nossos ouvidos e coração. Pois fazer o que Jesus mandou significa acreditar na palavra dele e colocá-la em prática. Acreditar na palavra de Jesus é abrir-se ao seu amor e deixar-se transformar como aquela água que se transformou em vinho e alegrou o coração de todos os convivas. É a vida nova, um jeito novo de ser, um caminho renovado pela graça de Deus haurida nos sacramentos, na oração, no encontro com ele.
Portanto, Maria, a Mãe de Jesus, é ícone da Igreja. Neste evangelho ela representa a comunidade de Israel que anseia pela vinda do Messias e, por outro lado, a comunidade cristã que acolhe e se deixa renovar pelo vinho novo que ultrapassa as estruturas caducas de uma lei que escraviza as pessoas. Só o amor, representado pelo vinho no relato de hoje, poderá transformar os caminhos da humanidade.
Celebrando hoje nossa Padroeira, queremos elevar nossa prece confiante ao Pai, para que nós brasileiros sejamos fiéis à nossa vocação, nos empenhemos na construção da paz e da justiça, no serviço generoso aos irmãos. Nesses tempos difíceis em que vivemos, quando o ódio, a violência, o preconceito, a tortura, a sede do poder a qualquer preço, a discórdia e a divisão estão sendo disseminados em nossa Nação, queremos voltar nosso olhar contemplativo à Mãe de Deus e nossa e pedir que ela interceda por nós e nos ajude a cultivar em nosso coração os sentimentos que havia em Cristo Jesus (cf. Fl 2, 5-11). Não haja lugar em nosso coração para o fechamento, para a discriminação, para o ódio e desejo de vingança, para a busca de lucro e sucesso a qualquer preço. Que a Paz, fruto da Justiça, encontre guarida dentro de nós e ao redor de nós.
A imagenzinha negra, pequena e simples de Aparecida nos recorde o compromisso com os quilombolas, com as nações indígenas, com os marginalizados, com os Sem-Terra e Sem-Teto, com os milhões de pobres que estão descendo cada vez à cova da morte que os bilionários e dominadores de nosso País estão lhes abrindo. Que as bancadas da Bala, da Bíblia e do Boi, ainda mais fortalecidas no último pleito, não nos tirem a esperança, o alimento, os direitos de cidadãos e de filhos e filhas do mesmo Pai.
Finalmente, que neste dia também dedicado às crianças, nosso coração se abra ao cuidado e carinho para com esses pequeninos tão amados por Nosso Senhor, muitas vezes vitimados por abusos e maus tratos de adultos irresponsáveis, maldosos e exoploradores. Peçamos a Maria, a Virgem humilde e simples de Nazaré, nos dê aquela simplicidade e candura que caracterizam o coração da criança.
Ó mãe da nossa pátria,
Escuta a nossa voz:
Teus olhos compassivos
Se voltam para nós.
Tu és nosso socorro
Em nossas aflições;
Guarda junto do teu
Os nossos corações.
Louvor e honra ao Filho
Que pela Virgem vem;
No Espírito és o brilho
Do Pai eterno. Amém.
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Mãe do Céu morena, / Senhora da América Latina.
De olhar e caridade tão divina, / de cor igual à cor de tantas raças.
Virgem tão serena, / Senhora destes povos tão sofridos.
Patrona dos pequenos e oprimidos, / derrama sobre nós as tuas graças.
Derrama sobre os jovens tua luz, / aos pobres vem mostrar o teu Jesus
Ao mundo inteiro traz o teu amor de Mãe.
Ensina quem tem tudo a partilhar, / ensina quem tem pouco a não cansar
E faz o nosso povo caminhar em paz.
Derrama a esperança sobre nós, / ensina o povo a não calar a voz.
Desperta o coração de quem não acordou.
Ensina que a justiça é condição / de construir um mundo mais irmão.
E faz o nosso povo conhecer Jesus.
Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN