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Agora a missão é nossa: testemunhar

aureliano, 28.05.22

Ascenção do Senhor - 02 de junho - C.jpg

Ascensão do Senhor [29 de maio de 2022]

[Lc 24,46-53]

“Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Estas palavras ditas pelos anjos por ocasião da subida de Jesus ao Pai são interpretadas pela Igreja como uma palavra que nos exorta a não ficarmos parados olhando para o céu, mas que continuemos nossa caminhada nos preparando para a volta do Senhor. Essa é a missão da Igreja: ensinar e ajudar a viver com o coração no céu e os olhos na terra.

No relato de hoje, Jesus se despede dos seus abençoando-os e confiando-lhes uma missão, a sua própria missão. Jesus não ficará na cova da morte, mas triunfará da morte e do pecado. Ele ressuscitará. E a comunidade dos crentes deverá anunciar o bem que ele fez à humanidade: a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. O discípulo deve dar testemunho de tudo isso.

Dar testemunho significa mostrar com a palavra e com a vida a realidade do que se crê. Dar testemunho da morte e ressurreição de Jesus é expressar com a própria vida a bondade que Jesus manifestou em sua vida. É acolher, perdoar, curar os enfermos, doar-se aos pequenos, enfrentar os riscos e perigos para defender os pequeninos do Reino, é assumir o Deus de Jesus como o absoluto da vida. E tudo isso só será possível mediante a “força do alto”. É o Espírito Santo que dará a força, a luz e a sabedoria para que o discípulo de Jesus possa reproduzir em sua vida as ações do Mestre.

A bênção foi o grande dom que Jesus confiou aos discípulos antes de voltar ao Pai: “Ergueu as mãos e os abençoou”. É muito importante retomarmos a reflexão sobre a bênção. Vem de benedicere=bendizer. É cantar um bendito a Deus pelos dons da criação. É ação de graças ao Pai por tudo que Ele faz por nós. É também dizer palavras de bem para alguém. Foi o que fez Jesus. É o que fazem nossos pais conosco. É o que fazemos com nossos filhos, netos, afilhados etc. Deus nos livre de ser pessoas que amaldiçoam, que carregam a maldade no coração, o desejo de vingança! É preciso que sejamos como Abraão: uma benção (cf. Gn 12,2). Na medida em que nos aproximamos de Jesus, nos tornamos discípulos dele, nos enchemos de Deus, nos deixamos tomar por ele, fazemo-nos uma fonte de bênção para os outros.

O evangelho termina com estas palavras: “E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus”. O evangelho de Lucas começa no Templo – anúncio do anjo a Zacarias – e termina no Templo. Zacarias estava no Templo oferecendo incenso ao Senhor. Aqui os discípulos estão bendizendo. Abençoados por Jesus, elevam uma oração de bênção. A bênção que transmitimos aos outros não é nossa, mas procede de Deus. Ele é o “Sol” e nós somos a “lua” que não tem luz própria, mas reflete a luz do Sol.

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Estamos celebrando o Dia Mundial das Comunicações Sociais com o tema: “Escutar com o ouvido do coração”. O papa Francisco julgou por bem rezarmos o verbo escutar, depois de propor ‘ir e ver’ no ano passado. A seguir um parágrafo da sua mensagem para esse dia: “Também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros. Nós, cristãos, esquecemo-nos de que o serviço da escuta nos foi confiado por Aquele que é o ouvinte por excelência e em cuja obra somos chamados a participar. «Devemos escutar através do ouvido de Deus, se queremos poder falar através da sua Palavra». Assim nos lembra o teólogo protestante Dietrich Bonhöffer que o primeiro serviço na comunhão que devemos aos outros é prestar-lhes ouvidos. Quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar o próprio Deus.

Na ação pastoral, a obra mais importante é o «apostolado do ouvido». Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: «cada um seja pronto para ouvir, lento para falar» (1, 19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade”. (Mensagem do Papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Nesse dia seria bom examinarmos como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar? Como resolvo os conflitos: brigando ou dialogando? Ainda mais: por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites frequento? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Facebook, no Twitter, no Instagram, no WatsApp etc? As redes sociais são um importante instrumento de comunicação, de informação, de formação e de evangelização. Mas é preciso utilizá-las com moderação e sabedoria.

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Gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos a realizar-se nos dias 29 de maio a 05 de junho, que traz como lema: “Vimos o seu astro no oriente e viemos prestar-lhe homenagem” (cf. Mt 2,2).  – “Os magos viram a estrela e seguiram-na. Tradicionalmente, comentadores têm visto nas figuras dos magos um símbolo da diversidade de povos conhecidos naquele tempo. Eles representam a universalidade do chamado divino que aparece na luz do astro que brilha vindo do Oriente. A jornada realizada pelos magos até a manjedoura representa a busca da humanidade pela amorosidade de Deus e diversidade da criação. A luz do oriente anunciou a revelação de Deus através do nascimento de Jesus.

Os magos nos revelam que, a partir de Jesus, Deus deseja a unidade entre todas as nações. Eles viajam vindo de países distantes e representam culturas diversas, mas estão impulsionados pela mesma esperança que é a da inauguração de um novo tempo em que os conflitos, discriminações e violências sejam, por fim, superados.

Por isso, as pessoas cristãs são chamadas a ser um sinal de Deus, vivendo de forma concreta a unidade na diversidade. (conic.org.br).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

 

A missão de Jesus agora é nossa

aureliano, 15.05.21

Ascenção do Senhor - 02 de junho - C.jpg

Domingo da Ascensão do Senhor [16 de maio de 2021]

[Mc 16,15-20]

 Este relato evangélico é um acréscimo posterior, de autor desconhecido. Mas ele nos ajuda a perceber que Jesus, ao se manifestar aos discípulos não tem o intuito de, simplesmente, consolá-los, mas de conferir-lhes a missão de levar a Boa Nova a outros povos. Seus discípulos se tornam ponto de referência do juízo de Deus: será salvo quem aceita o Evangelho, isto é, o testemunho que os apóstolos darão do que se realizou em Jesus de Nazaré.

Para ajudar a compreender o que celebramos hoje, proponho refletir sobre três realidades: a Ascensão do Senhor; o Dial Mundial das Comunicações Sociais, e a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

A Ascensão do Senhor: Celebrar a solenidade da Ascensão é levar o ser humano a pensar no seu destino de homem novo, renascido pelo batismo para uma vida nova. A ascensão de Cristo é a nossa ascensão. O Cristo que sobe para junto do Pai permanece junto de nós na força do Espírito Santo. E confia-nos a missão de ser seus continuadores. Se queremos participar com ele da vida eterna precisamos, como ele e com ele, realizar a tarefa de construirmos uma sociedade nova.

Na missão nos é dado realizar os “sinais” de vida:

  1. Expulsar demônios: é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muita gente ficou melhor pelo fato de ter entrado na comunidade e de ter começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida. Precisamos trabalhar com a força do Espírito Santo contra as forças do mal que acometem as pessoas. Expulsar os demônios da exploração, da mentira, do consumismo, da dominação, do orgulho, da falsidade, da inveja, da disseminação do ódio e da vingança, da ambição, da corrupção, do comodismo, da omissão.
  2. Falar novas línguas: é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já nos conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a língua do amor. Aquela palavra que conforta, que encoraja, que anima. Fazer com que prevaleça essa linguagem, que todos entendem. A linguagem do amor não se resume em palavras, mas em gestos, atitudes de vida.
  3. Vencer o veneno: há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível. Há muita coisa envenenada que quer tirar nossa alegria, nossa fé; que quer nos impedir de servir melhor as pessoas, ou mesmo de fazermos das pessoas objeto de jogo, de prazer, de dominação. Peçamos ao Senhor que nos livre desse veneno.
  4. Curar os doentes: em todo canto onde aparece uma consciência mais clara e viva da presença de Deus aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada. Nossa sociedade está doente: falta amor, carinho, acolhida. Vamos tornar nossa comunidade mais acolhedora. Olhemos com mais carinho aqueles que não podem vir à igreja, os doentes e idosos. Tanta gente esperando uma presença/visita, uma mensagem de esperança, uma oração que pode curar e confortar! Sobretudo nesses tempos de isolamento social.

Celebrar a Ascensão do Senhor é viver com o coração no céu e com os pés na terra. É andar sempre com passos firmes e solidários. É ter a capacidade de perceber a presença do Ressuscitado no irmão que sofre, na comunidade reunida, na vida que refloresce.

Nossa prática é capaz de revelar o rosto de Jesus?  Dois elementos mostram nossa semelhança ao Mestre: o serviço prestado aos sofredores e a proteção divina. O Senhor glorioso não deixa de dar sua força aos que se empenham pelo anúncio de seu Reino. Jesus nos envia para sermos testemunhas de seu evangelho. Os sinais que acompanham o anúncio do evangelho devem continuar gerando admiração e alegria. São os ‘milagres’ descritos por Marcos: pessoas que conseguem livrar-se dos vícios, do fascínio do lucro e da vaidade; comunidades que não se fundam na competição, mas na comunhão; o empenho em abolir as fronteiras humanas da discórdia, da divisão e discriminação; a vivência do matrimônio ou da virgindade em fidelidade evangélica.

Acreditamos a partir do testemunho de fé da comunidade. Não tivemos contato com o Jesus histórico, mas com o evangelho. É importante ler, rezar, estudar os evangelhos: sozinho, através da leitura orante, em pequenos grupos, em comunidade. Somente assim poderemos superar a crise da descrença e da indiferença em que vivemos, hoje. Sendo nós mesmos evangelho vivo. Lembrados do lema de São Carlos de Foucauld: “Gritar o Evangelho com a vida”.

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O Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano tem como tema: “Vem e verás (Jo 1,46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. O Santo Padre nos convida a repensar a comunicação para ajudar num encontro transformador com o Senhor. O “vem e verás” acena para a necessidade do encontro, da saída, de ver a realidade. Não basta um relato jornalístico de escritório somente.

“Natanael vai e vê, e a partir daquele momento a sua vida muda. A fé cristã começa assim; e comunica-se assim: com um conhecimento direto, nascido da experiência, e não por ouvir dizer. «Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos…»: dizem as pessoas à Samaritana, depois de Jesus Se ter demorado na sua aldeia (cf. Jo 4, 39-42). O método «vem e verás» é o mais simples para se conhecer uma realidade; é a verificação mais honesta de qualquer anúncio, porque, para conhecer, é preciso encontrar, permitir à pessoa que tenho à minha frente que me fale, deixar que o seu testemunho chegue até mim”.

Transcrevo também esse parágrafo em que o Papa mostra a importância do jornalismo sério e comprometido com a vida:

“O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”.

Nesse dia seria bom examinar como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar? Comunicamos nossas idas e vindas? Como temos nos comunicado com nossos filhos? Somos verdadeiros, transparentes? A melhor comunicação ainda é a corporal/existencial. A tecnologia ajuda, mas não substitui nossa relação verdadeira. - Ainda mais: Por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites visito? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Instagram, Facebook, Watt Zap e outros? As Redes Sociais são um importante instrumento de comunicação, de informação, de formação e de evangelização. Mas é preciso utilizá-las a partir da sabedoria do Evangelho.

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Finalmente gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 16 a 23 de maio de 2021. Com o tema: “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. João 15,5-9), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs promove a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos com o intuito de alimentar e manter no coração dos fiéis cristãos o firme desejo expresso por Jesus para que todos nos mantenhamos unidos a ele e uns aos outros para que o Pai seja glorificado em nossa vida.

“Permanecendo em Cristo, cresce o fruto da solidariedade e do testemunho. Embora nós, como cristãos, permaneçamos no amor de Cristo, também vivemos numa criação que geme enquanto espera ser libertada (cf. Rm 8). No mundo percebemos os males do sofrimento e dos conflitos. Através da solidariedade com aqueles que sofrem permitimos que o amor de Cristo circule através de nós. O mistério pascal gera fruto em nós quando oferecemos amor aos nossos irmãos e irmãs e alimentamos esperança no mundo. Espiritualidade e solidariedade estão inseparavelmente ligadas. Permanecendo em Cristo, recebemos a força e a sabedoria para agir contra as estruturas de injustiça e opressão, para nos reconhecer por completo como irmãos e irmãs na humanidade, e para sermos criadores de um novo modo de vida, com respeito e comunhão para toda a criação” (https://www.oikoumene.org › resources › documents).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

A missão de Jesus é nossa missão

aureliano, 22.05.20

Ascensção do Senhor - A - 24 de maio.jpg

Ascensão do Senhor [24 de maio de 2020]

[Mt 28,16-20]

Este relato do evangelho de Mateus aparece após a cena do túmulo vazio, as aparições às mulheres e a corrupção dos soldados que vigiavam o sepulcro de Jesus. A cena se situa na Galiléia dos gentios, fato de per si suficiente para apontar o caráter do mandato missionário de Jesus com dimensões universais.

Quarenta dias depois da Páscoa a Igreja celebra a Ascensão do Senhor. O relato de Mateus e o relato de Lucas (At 1, 1-11), referindo o mesmo acontecimento em locais diferentes – Galiléia dos gentios e Jerusalém – querem mostrar uma realidade que está muito além de uma aparição de Jesus e sua subida aos céus à vista dos discípulos. O sentido mesmo destes textos é expressar o que proclamamos ao longo dos séculos em nossa fé: “Está sentado à direita do Pai”. Em outras palavras, Jesus ressuscitado não veio retomar as suas atividades de antes, nem para implantar um reino político como alguns discípulos esperavam. Ele assume a vida na glória e entrega a missão aos seus discípulos, a nós: “Sede minhas testemunhas... até aos confins da terra” (At 1,8). Portanto, não se trata de uma despedida, mas de um novo modo de presença. Ele continua sendo o Emanuel, o Deus conosco, de modo novo.

Retorno à Galileia. Lugar onde Jesus iniciou seu ministério (Mt 4, 17). Regressar aí é retomar o começo para uma nova caminhada vocacional e missionária. Os discípulos missionários entenderam que o Ressuscitado é o mesmo que os chamou na beira do mar da Galiléia.

A montanha. Lugar de encontro com Deus. Crescer e aprofundar com Deus e em Deus a missão confiada por Jesus que o discípulo agora deve assumir. A partir do encontro com Deus o discípulo missionário se restabelece e continua animado pela força do alto: o Espírito Santo.

A primeira tarefa não é fazer alguma coisa, mas encontrar-se com o Ressuscitado. Missão não é convocação para realizar determinadas atividades, mas é, acima de tudo, fruto de uma experiência com o Ressuscitado. O conteúdo da missão brota da experiência com Ele. Daí a importância de não nos preocuparmos tanto com o resultado, com o “fazer” coisas, mas de nos deixarmos encharcar por Deus neste encontro com Jesus, para que outros experimentem essa ação divina em nós.

Ao prostrarem-se diante de Jesus os discípulos expressaram com esse gesto sua fé na pessoa de Jesus ressuscitado. Pois foram acometidos pela dúvida que revela a fraqueza deles diante das dificuldades da missão na comunidade. Sabemos, porém, que eles não se deixaram abater pela dúvida, isto é, pelas dificuldades, pois a história os mostra como verdadeiras testemunhas do Ressuscitado.

A autoridade conferida por Jesus aos discípulos é de serviço ao Reino e nunca em beneficio próprio. São servidores do Reino e participantes da mesma missão de Jesus. É bom trazer à memória o relato do Lava-pés. Aí Jesus se desveste do manto da autoridade e se reveste da toalha do serviço, lavando os pés dos discípulos: “Dei-vos o exemplo para que, assim como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). Autoridade, na dinâmica de Jesus, se dá no serviço fraterno aos pequeninos do Reino.

A missão de Jesus não conhece fronteiras. É serviço a todas as nações. E o principal objetivo da missão é promover a adesão à pessoa de Jesus. Não se trata de marketing da fé. É ser testemunha do Ressuscitado. Nem se trata tampouco de uma adesão etérea, desencarnada, mas de comprometimento com a causa de Jesus: “para que todos tenham vida plenamente” (Jo, 10,10).

Jesus está com os discípulos. É Deus morando no meio de nós. Jesus ressuscitado é uma presença viva e não mero personagem do passado.

Batizar é “mergulhar” a pessoa na dinâmica do evangelho e introduzi-la na comunidade dos seguidores de Jesus, a Igreja. Ao enviar seus discípulos para “fazer discípulos” mediante o batismo, Jesus manifesta seu desejo de ampliar a comunidade daqueles que acolhem sua mensagem e assumem o projeto do Reino.

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SURSUM CORDA! (CORAÇÕES AO ALTO)

As leituras da Festa de hoje convidam a deixarmos de olhar para cima. Ou seja, não ficarmos desligados da realidade. O olhar deve se voltar para a realidade na qual pisamos e o coração deve estar “no alto”, em Deus. Um ‘espiritualismo mundano’ de que fala o Papa Francisco pode nos alienar, bem como um olhar materialista e consumista para a vida nos afasta dos caminhos de Deus. O Senhor, na celebração de hoje, nos convida a ter o coração no alto e os pés no chão.

O que estamos assistindo em nosso País é um verdadeiro terror contra os direitos adquiridos, contra a democracia, contra as conquistas sociais dos mais pobres. As fraudes, as propinas, as mentiras, as extorsões, as negociatas a portas fechadas, os salários exorbitantes de juízes, deputados e senadores, os gastos públicos para manutenção dos privilégios, as obras e aquisições superfaturadas pelo Estado em tempos de calamidade pública devido à pandemia do covid-19, a insensibilidade por parte de governantes diante da morte de milhares de pessoas vítimas do covid-19, são alguns exemplos da desordem instalada em nosso País, geradora de fome e de miséria na mesa dos pobres. Executivo, Legislativo e Judiciário brasileiros, ressalvadas raríssimas exceções, visam somente ao próprio bolso. O excesso de dinheiro gasto nesses desmandos seria mais do que suficiente para sanar as necessidades básicas das famílias assoladas pela miséria e pela fome. O coração desses mandatários desordenados está no dinheiro e não “no alto”.

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Celebramos, neste domingo, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. É oportuno refletir sobre o uso que fazemos desses meios para evangelizar e para nos formarmos e nos informarmos também. Como os utilizamos? Que canais buscamos? A que assistimos? Que sites acessamos? Como formamos nossos filhos para o uso da TV e da internet? As mídias estão aí! É preciso valorizá-las nos aspectos que ajudam, e ter discernimento no uso para não prejudicar os valores evangélicos já tão escassos em nosso meio.

O Papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, discorreu sobre a beleza e importância do discurso narrativo, muito presente nas Sagradas Escrituras. Desenvolver a arte de narrar histórias bonitas, edificantes: “Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o deepfake), precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas. Necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas. Precisamos de paciência e discernimento para descobrir histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia” (Papa Francisco na Mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Abençoados para abençoar

aureliano, 31.05.19

Ascenção do Senhor - 02 de junho - C.jpg

Ascensão do Senhor [02 de junho de 2019]

[Lc 24,46-53]

“Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Estas palavras ditas pelos anjos por ocasião da subida de Jesus ao Pai são interpretadas pela Igreja como uma palavra que nos exorta a não ficarmos parados olhando para o céu, mas que continuemos nossa caminhada nos preparando para a volta do Senhor. Essa é a missão da Igreja: ensinar e ajudar a viver com o coração no céu e os olhos na terra.

No relato de hoje, Jesus se despede dos seus abençoando-os e confiando-lhes uma missão, a sua própria missão. Jesus não ficará na cova da morte, mas triunfará da morte e do pecado. Ele ressuscitará. E a comunidade dos crentes deverá anunciar o bem que ele fez à humanidade: a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. O discípulo deve dar testemunho de tudo isso.

Dar testemunho significa mostrar com a palavra e com a vida a realidade do que se crê. Dar testemunho da morte e ressurreição de Jesus é expressar com a própria vida a bondade que Jesus manifestou em sua vida. É acolher, perdoar, curar os enfermos, doar-se aos pequenos, enfrentar os riscos e perigos para defender os pequeninos do Reino, é assumir o Deus de Jesus como o absoluto da vida. E tudo isso só será possível mediante a “força do alto”. É o Espírito Santo que dará a força, a luz e a sabedoria para que o discípulo de Jesus possa reproduzir em sua vida as ações do Mestre.

A bênção foi o grande dom que Jesus confiou aos discípulos antes de voltar ao Pai: “Ergueu as mãos e os abençoou”. É muito importante retomarmos a reflexão sobre a bênção. Vem de benedicere=bendizer. É cantar um bendito a Deus pelos dons da criação. É ação de graças ao Pai por tudo que Ele faz por nós. É também dizer palavras de bem para alguém. Foi o que fez Jesus. É o que fazem nossos pais conosco. É o que fazemos com nossos filhos, netos, afilhados etc. Deus nos livre de ser pessoas que amaldiçoam, que carregam a maldade no coração, o desejo de vingança! É preciso que sejamos como Abraão: uma benção (cf. Gn 12,2). Na medida em que nos aproximamos dele, nos tornamos discípulos de Jesus, nos enchemos de Deus, nos deixamos tomar por ele, fazemo-nos uma fonte de bênção para os outros.

O evangelho termina com estas palavras: “E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus”. O evangelho de Lucas começa no Templo – anúncio do anjo a Zacarias – e termina no Templo. Zacarias estava no Templo oferecendo incenso ao Senhor. Aqui os discípulos estão bendizendo. Abençoados por Jesus, elevam uma oração de bênção. A bênção que transmitimos aos outros não é nossa, mas procede de Deus. Ele é o “Sol” e nós somos a “lua” que não tem luz própria, mas reflete a luz do Sol.

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Estamos celebrando o Dia Mundial das Comunicações Sociais com o tema: “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana. “A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente em nível relacional, até se chegar ao perigoso fenômeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alhear totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave ruptura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar.

(...) É precisamente a comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Da fé num Deus que é Trindade, segue-se que, para ser eu mesmo, preciso do outro. Só sou verdadeiramente humano, verdadeiramente pessoal, se me relacionar com os outros. Com efeito, o termo pessoa conota o ser humano como «rosto», voltado para o outro, comprometido com os outros. A nossa vida cresce em humanidade passando do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece um companheiro de viagem.

(...) Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso” (Mensagem do Papa Francisco para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Nesse dia seria bom examinarmos como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar? Como resolvo os conflitos: brigando ou dialogando? Ainda mais: por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites frequento? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Facebook, no Twitter, no Instagram, no WatsApp etc? As redes sociais são um importante instrumento de comunicação, de informação, de formação e de evangelização. Mas é preciso utilizá-las com moderação e sabedoria.

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Gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos a realizar-se nos dias 02 a 09 de junho, que traz como lema: Procurarás a justiça, nada além da justiça (Dt 16,11-20). Vale a pena ler o texto bíblico. – “A Semana de Oração pela Unidade Cristã em 2019 foi preparada por cristãos da Indonésia. Com uma população de 265 milhões, 86% dos quais se identificam como muçulmanos, a Indonésia é bem conhecida como o país que tem a maior população muçulmana. No entanto, 10% dos indonésios são cristãos de tradições diversas. Tanto em termos de população como de grande extensão de terra, a Indonésia é a maior nação do sudeste da Ásia. Tem mais de 17.000 ilhas, 1.340 diferentes grupos étnicos e mais de 740 línguas locais, mas ainda assim está unida na sua pluralidade pela língua nacional Bahasa Indonésia. A nação se baseia em cinco princípios chamados Pancasila, com o lema Bhineka Tunggal Ika (unidade na diversidade). No meio da diversidade de etnias, linguagem e religião, os indonésios têm vivido pelo princípio de gotong royong, que é viver em solidariedade e com colaboração. Isso significa ter partilha nos diversos campos da vida, no trabalho, nas tristezas e festividades, vendo todos os indonésios como irmãos e irmãs” (conic.org.br).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

“O Senhor cooperava com eles”

aureliano, 11.05.18

Ascensão do Senhor B 13 de maio.jpg

Domingo da Ascensão do Senhor [13 de maio de 2018]

[Mc 16,15-20]

Este relato evangélico é um acréscimo posterior, de autor desconhecido. Mas ele nos ajuda a perceber que Jesus, ao se manifestar aos discípulos não tem o intuito de, simplesmente, consolá-los, mas de conferir-lhes a missão de levar a Boa Nova a outros povos. Seus discípulos se tornam ponto de referência do juízo de Deus: será salvo quem aceita o Evangelho, isto é, o testemunho que os apóstolos darão do que se realizou em Jesus de Nazaré.

Para ajudar a compreender o que celebramos hoje, proponho refletir sobre três realidades: a Ascensão do Senhor; o Dial Mundial das Comunicações Sociais, e a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

A Ascensão do Senhor: Celebrar a solenidade da Ascensão é levar o ser humano a pensar no seu destino de homem novo, renascido pelo batismo para uma vida nova. A ascensão de Cristo é a nossa ascensão. O Cristo que sobe para junto do Pai permanece junto de nós na força do Espírito Santo. E confia-nos a missão de ser seus continuadores. Se queremos participar com ele da vida eterna precisamos, como ele e com ele, realizar a tarefa de construirmos uma sociedade nova.

Na missão nos é dado realizar os “sinais” de vida:

  1. Expulsar demônios: é combater o poder do mal que estraga a vida. A vida de muita gente ficou melhor pelo fato de ter entrado na comunidade e de ter começado a viver a Boa Nova da presença de Deus em sua vida. Precisamos trabalhar com a força do Espírito Santo contra as forças do mal que acometem as pessoas. Expulsar os demônios da exploração, da mentira, do consumismo, da dominação, do orgulho, da falsidade, da inveja, da ambição, da corrupção, do comodismo, da omissão.
  2. Falar novas línguas: é começar a comunicar-se com os outros de maneira nova. Às vezes, encontramos uma pessoa que nunca vimos antes, mas parece que já nos conhecemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a língua do amor. Aquela palavra que conforta, que encoraja, que anima. Fazer com que prevaleça essa linguagem, que todos entendem. A linguagem do amor não se resume em palavras, mas em gestos, atitudes de vida.
  3. Vencer o veneno: há muita coisa que envenena a convivência. Muita fofoca que estraga o relacionamento entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus dá a volta por cima e consegue não ser molestado por este veneno terrível. Há muita coisa envenenada que quer tirar nossa alegria, nossa fé; que quer nos impedir de servir melhor as pessoas, ou mesmo de fazermos das pessoas objeto de jogo, de prazer, de dominação. Peçamos ao Senhor que nos livre desse veneno.
  4. Curar os doentes: em todo canto onde aparece uma consciência mais clara e viva da presença de Deus aparece também um cuidado especial para com as pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo para com os doentes. Aquilo que mais favorece a cura é a pessoa sentir-se acolhida e amada. Nossa sociedade está doente: falta amor, carinho, acolhida. Vamos tornar nossa comunidade mais acolhedora. Olhemos com mais carinho aqueles que não podem vir à igreja, os doentes e idosos. Tanta gente esperando nossa presença/visita que pode curar e confortar! Mesmo fora dos templos.

Celebrar a Ascensão do Senhor é viver com o coração no céu e com os pés na terra. É andar sempre com passos firmes e solidários. É ter a capacidade de perceber a presença do Ressuscitado no irmão que sofre, na comunidade reunida, na vida que refloresce.

Nossa prática é capaz de revelar o rosto de Jesus?  Dois elementos mostram nossa semelhança ao Mestre: o serviço prestado aos sofredores e a proteção divina. O Senhor glorioso não deixa de dar sua força aos que se empenham pelo anúncio de seu Reino. Jesus nos envia para sermos testemunhas de seu evangelho. Os sinais que acompanham o anúncio do evangelho devem continuar gerando admiração e alegria. São os ‘milagres’ descritos por Marcos: pessoas que conseguem livrar-se dos vícios, do fascínio do lucro e da vaidade; comunidades que não se fundam na competição, mas na comunhão; o empenho em abolir as fronteiras humanas da discórdia, da divisão e discriminação; a vivência do matrimônio ou da virgindade em fidelidade evangélica.

Vivemos a partir do testemunho de fé da comunidade. Não tivemos contato com o Jesus histórico, mas com o evangelho. É importante ler, rezar, estudar os evangelhos: sozinho, através da leitura orante, em pequenos grupos, em comunidade. Somente assim poderemos superar a crise da descrença e da indiferença em que vivemos, hoje. Sendo nós mesmos evangelho vivo. Lembrados do lema de Carlos de Foucauld: “Gritar o Evangelho com a vida”.

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O Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano tem como tema: “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32). Fake news e jornalismos de paz. A seguir, trago alguns excertos da Mensagem do Papa Francisco para esse dia. Vale a pena ler e refletir.

“A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nos mass-media tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos”.

(...) “De fato, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o íntimo da pessoa. Dostoievskij deixou escrito algo de notável neste sentido: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).

(...) “No meio do frenesi das notícias e na voragem dos scoop, tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audience, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz”.

(...) “Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.

Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.

Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs”.

Nesse dia seria bom examinar como está nossa comunicação. A começar dentro de nossa casa. Estamos nos entendendo? Paramos para escutar? Comunicamos nossas idas e vindas? Como temos nos comunicado com nossos filhos? Somos verdadeiros, transparentes? A melhor comunicação ainda é a corporal/existencial. A tecnologia ajuda, mas não substitui nossa relação verdadeira. - Ainda mais: Por onde ‘navego’ nas redes sociais? A que programas de TV assisto? Que sites visito? Que tipo de comunicação e relacionamento estabeleço no Facebook, Watt Zap e outros? As Redes Sociais são um importante instrumento de comunicação, de informação, de formação e de evangelização. Mas é preciso utilizá-las a partir da sabedoria do Evangelho.

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Finalmente gostaria de lembrar um acontecimento fundante na Igreja e para a Igreja: A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 13 a 20 de maio de 2018. O lema bíblico deste ano é: A mão de Deus nos une e liberta (Êx 15,1-21).  Cada um é chamado a  transformar a realidade onde vive e a construir  um mundo melhor. Temos diante de nós muitos desafios. Oremos e mostremos sinais concretos na  busca de superação, sobretudo do preconceito, das distâncias sociais, econômicas e religiosas. Vamos fazer da novena ao Espírito Santo um espaço de busca e de fortalecimento de maior unidade entre nós, a começar em nossas próprias comunidades.

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Celebramos também o Dia das Mães. Seria bom nos lembrarmos neste dia das mães sofredoras. Há mães que não experimentam alegrias neste dia. Talvez experimentem ainda uma dor maior. Que tal fazermos uma visita solidária a alguma mãe sofrida? Que tal darmos uma presença a crianças que não têm a mãe por perto? Mais do que festanças, comilanças e bebedeiras, precisamos caminhar na direção de maior solidariedade!

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Nesse dia 13 de maio, além de celebrarmos Nossa Senhora de Fátima, nós, Sacramentinos de Nossa Senhora e os Sacramentinos Eymardianos, celebramos também Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Queremos pedir a Maria, Mulher Eucarística, que nos ajude no processo de conversão cotidiana para que nossa vida seja mais eucarística. Que nossas relações sejam de fraternidade, de justiça, de cuidado de uns pelos outros, de respeito, de compreensão, de perdão, de entrega, de profetismo, de generosidade, de solicitude para com quem mais precisa.

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Mãe e Modelo de nossa espiritualidade sacramentina, rogai por nós que recorremos a vós.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

A missão de Jesus é nossa missão

aureliano, 26.05.17

ascensão do senhor.jpg

Ascensão do Senhor [28 de maio de 2017]

[Mt 28,16-20]

Este relato do evangelho de Mateus aparece após a cena do túmulo vazio, as aparições às mulheres e a corrupção dos soldados que vigiavam o sepulcro de Jesus. A cena se situa na Galiléia dos gentios, fato de per si suficiente para apontar o caráter do mandato missionário de Jesus com dimensões universais.

Quarenta dias depois da Páscoa a Igreja celebra a Ascensão do Senhor. O relato de Mateus e o relato de Lucas (At 1, 1-11), referindo o mesmo acontecimento em locais diferentes – Galiléia dos gentios e Jerusalém – querem mostrar uma realidade que está muito além de uma aparição de Jesus e sua subida aos céus à vista dos discípulos. O sentido mesmo destes textos é expressar o que proclamamos ao longo dos séculos em nossa fé: “Está sentado à direita do Pai”. Em outras palavras, Jesus ressuscitado não veio retomar as suas atividades de antes, nem para implantar um reino político como alguns discípulos esperavam. Ele assume a vida na glória e entrega a missão aos seus discípulos, a nós: “Sede minhas testemunhas... até aos confins da terra” (At 1,8). Portanto, não se trata de uma despedida, mas de um novo modo de presença. Ele continua sendo o Emanuel, o Deus conosco, de modo novo.

Retorno à Galileia. Lugar onde Jesus iniciou seu ministério (Mt 4, 17). Regressar aí é retomar o começo para uma nova caminhada vocacional e missionária. Os discípulos missionários entenderam que o Ressuscitado é o mesmo que os chamou na beira do mar da Galiléia.

A montanha. Lugar de encontro com Deus. Crescer e aprofundar com Deus e em Deus a missão confiada por Jesus que o discípulo agora deve assumir. A partir do encontro com Deus o discípulo missionário se restabelece e continua animado pela força do alto: o Espírito Santo.

A primeira tarefa não é fazer alguma coisa, mas encontrar-se com o Ressuscitado. Missão não é convocação para realizar determinadas atividades, mas é, acima de tudo, fruto de uma experiência com o Ressuscitado. O conteúdo da missão brota da experiência com Ele. Daí a importância de não nos preocuparmos tanto com o resultado, com o “fazer” coisas, mas de nos deixarmos encharcar por Deus neste encontro com Jesus, para que outros experimentem essa ação divina em nós.

Ao prostrarem-se diante de Jesus os discípulos expressaram com esse gesto sua fé na pessoa de Jesus ressuscitado. Pois foram acometidos pela dúvida que revela a fraqueza deles diante das dificuldades da missão na comunidade. Sabemos, porém, que eles não se deixaram abater pela dúvida, isto é, pelas dificuldades, pois a história os mostra como verdadeiras testemunhas do Ressuscitado.

A autoridade conferida por Jesus aos discípulos é de serviço ao Reino e nunca em beneficio próprio. São servidores do Reino e participantes da mesma missão de Jesus.

A missão de Jesus não conhece fronteiras. É serviço a todas as nações. E o principal objetivo da missão é promover a adesão à pessoa de Jesus. Não se trata de marketing da fé. É ser testemunha do Ressuscitado. Nem se trata tampouco de uma adesão etérea, desencarnada, mas de comprometimento com a causa de Jesus: “para que todos tenham vida plenamente”.

Jesus está com os discípulos. É Deus morando no meio de nós. Jesus ressuscitado é uma presença viva e não mero personagem do passado.

Batizar é “mergulhar” a pessoa na dinâmica do evangelho e introduzi-la na comunidade dos seguidores de Jesus, a Igreja. Ao enviar seus discípulos para “fazer discípulos” mediante o batismo, Jesus manifesta seu desejo de ampliar a comunidade daqueles que acolhem sua mensagem e assumem o projeto do Reino.

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SURSUM CORDA! (CORAÇÕES AO ALTO)

As leituras da Festa de hoje convidam a deixarmos de olhar para cima. Ou seja, não ficarmos desligados da realidade. O olhar deve se voltar para a realidade na qual pisamos e o coração deve estar “no alto”, em Deus. Um ‘espiritualismo mundano’ de que fala o Papa Francisco pode nos alienar, bem como um olhar materialista e consumista para a vida nos afasta dos caminhos de Deus. O Senhor, na celebração de hoje, nos convida a ter o coração no alto e os pés no chão.

O que estamos assistindo em nosso País é um verdadeiro terror contra os mais pobres, uma afronta aos doentes pobres que precisam do SUS, uma bofetada no rosto dos aposentados que ganham um salário mínimo, um profundo desrespeito aos desempregados. Basta recordar a chacina de trabalhadores rurais no sul do Pará ocorrida último dia 24, sem mencionar outros massacres em conflito agrário ocorridos este ano! O dinheiro roubado, as fraudes ao INSS, as licitações fraudulentas, as propinas e os salários exorbitantes dos privilegiados, os recursos públicos comprometidos em negociatas noturnas e às escondidas, seriam mais do que suficientes para sanar a miséria em que o Brasil está afundado. Nossos governantes e a maioria dos parlamentares visam somente ao próprio bolso. Seu coração está no dinheiro e não “no alto”.

Talvez valesse a pena, também, ver aquele gesto bonito de Adélia Prado, poetisa, filósofa e mística, convidando a plateia a rezar a oração do Pai nosso pelo Brasil (youtube). Esse pessoal que governa o País está tão agarrado ao poder que pensa ser deus; se esquece de se voltar um pouquinho para o Pai. Razão pela qual estamos nessa lama da corrupção e do desrespeito. Deus nos livre de gente que não tem temor de Deus no coração!

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Celebramos, neste domingo, o Dia Mundial das Comunicações Sociais. É oportuno refletir sobre o uso que fazemos desses meios para evangelizar e para nos formarmos e nos informarmos também. Como os utilizamos? Que canais buscamos? A que assistimos? Que sites acessamos? Como formamos nossos filhos para o uso da TV e da internet? As mídias estão aí! É preciso valorizá-las nos aspectos que ajudam, e ter discernimento no uso para não prejudicar os valores evangélicos já tão escassos em nosso meio.

“A esperança fundada na boa notícia que é Jesus faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão. Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam. Pois em Cristo, que eleva a nossa humanidade até ao Céu, cada homem e cada mulher consegue ter «plena liberdade para a entrada no santuário por meio do sangue de Jesus. Ele abriu para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da sua humanidade» (Hb 10, 19-20). Através «da força do Espírito Santo», podemos ser «testemunhas» e comunicadores duma humanidade nova, redimida, «até aos confins da terra»(cf. At 1, 7-8)”. (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN