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aurelius

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Eucaristia é entregar-se pelo bem da humanidade

aureliano, 28.05.24

Corpus Christi 2024.jpeg

Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo [30 de maio de 2024]

[Mc 14, 12-16.25-26]     

Essa perícope do evangelho encontra-se nos relatos de Marcos sobre a Paixão de Jesus. A expressão bíblica que ouvimos em toda celebração eucarística - “Sangue da Aliança” - remete-nos à entrega de Jesus por nós. A Aliança no Antigo Testamento foi selada com o sangue de touros e carneiros. A “Nova e Eterna Aliança” foi selada na vida de Jesus entregue ao Pai por nós. Aliança como compromisso recíproco: Deus nos ama e nos orienta no caminho. Nós nos comprometemos em corresponder ao seu amor por nós, trilhando os caminhos de seus ensinamentos. Sobretudo buscando “acertar o passo”: colocando nossos passos no compasso de Jesus.

Jesus, na celebração da Ceia Pascal, antecipa os acontecimentos pelos quais em breve passaria. O “corpo dado” significa sua presença atuante no mundo; seu “sangue derramado” significa sua morte violenta como sacrifício da Aliança (cf. Ex 24,3-8). A consequência disso para nossa vida é que, cada um de nós deve dizer: “Eis meu corpo e meu sangue”, isto é, minha vida doada para o bem da humanidade, para que todos tenham mais vida”. É a vivência da Aliança de Deus conosco. É a Eucaristia vivida.

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A Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus. Fazer memória significa não somente lembrar, mas celebrar e mergulhar no mistério de Cristo. É nos colocarmos dentro de toda a vida de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que, vindo a esse mundo, entregou sua vida por nós. Por isso, na celebração da Eucaristia nós devemos nos empenhar para fazer com que “a mente, o coração concorde com a voz, com as palavras”, no dizer de São Gregório.

Se celebramos a entrega de Cristo, não estamos fazendo um show. Então a missa não é show, promoção pessoal do padre e seja lá de quem for. Nossa atitude deve ser de compenetração, de humildade, de escuta atenta, de acolhimento, de exame de consciência. Isso nos tem recomendado insistentemente o Papa Francisco.

No decorrer da História a missa teve várias conotações. Serviu para coroar papas e reis, para agradecer vitórias de guerra, para enfeitar festas e agradar monarcas e senhores poderosos. Os músicos transformaram partes da missa em concertos belíssimos. Outros faziam da missa sua devoção particular. Ainda hoje, em vários lugares, é quase uma “exigência” para falecidos: “missa de corpo presente”, “missa de sétimo dia” etc. É claro que tem sua importância, mas ocorre que muitos pedem esse tipo de celebração para “salvar o falecido”, sem se comprometer pessoalmente com a comunidade de fé. Uma espécie de superstição.

O Concílio Vaticano II recuperou o sentido originário da Eucaristia: Memorial da Morte e Ressurreição do Senhor. Quando a comunidade se reúne para celebrar a Eucaristia, ela traz sua vida, suas dores e alegrias e coloca no Coração de Cristo, para que ele, verdadeiro Celebrante, ofereça ao Pai.

Ao participarmos da Eucaristia estamos nos comprometendo a ser “um só Corpo”. A comunhão no Corpo e Sangue de Cristo nos compromete com Ele. A entrega de Cristo que celebramos pede, exige de nós o gesto de entrega, de doação, de comprometimento com Cristo pela reconstrução da História segundo os critérios do Reino de Deus. Não pode ser verdadeira “comunhão” a busca de um intimismo egoísta que não abre nossos olhos para “ver as necessidades e os sofrimentos de nossos irmãos e irmãos”, inspirando “palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos, os doentes e marginalizados”.

Nesse dia que celebramos a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, somos instados a olhar para o Cristo que se doa, que se entrega, que salva, que enfrenta a morte para que tenhamos vida. Essa contemplação deve nos levar a dar mais um passo em direção a uma vida mais comprometida. Não adianta adorar o Cristo no altar e desprezá-lo no pobre. De pouco vale celebrar a Eucaristia, participar de uma adoração, e depois falar mal dos outros, negar o salário justo, sonegar impostos e dívidas, extorquir os idosos, enganar o cliente ao cobrar um valor excessivo pelo serviço ou mercadoria, ser desonesto nos negócios e no trabalho, levantar bandeiras que defendem a discriminação, a violência, o preconceito, o desrespeito, o armamento, o desmatamento.

A Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”, deve ocupar o centro de nossa espiritualidade, de nossa oração, de nossas escolhas e decisões. Se Cristo decidiu firmemente enfrentar a morte pela nossa salvação, também nós, seus discípulos, precisamos nos dispor a esse caminho. Pois “o discípulo não é maior do que o mestre”.

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EUCARISTIA PARA FORMAR UM SÓ CORPO

“O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo?

 O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo?

 Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo,

 visto que todos participamos desse único pão” (1Cor 10, 16-17).

 

A eucaristia é o sacramento que faz a Igreja. Participar do cálice de bênção e do pão partido é tornar viva e dinâmica a presença de Jesus em nosso meio. Enquanto a comunidade participa e celebra a vida de Jesus, ela está continuando a sua missão. E a grande obra de Jesus foi a de revelar o rosto misericordioso do Pai que não quer que ninguém se perca (Cf. 1Tm 2,4). Conhecedor das intrigas, ciúmes e divisões presentes no coração humano, que retardam a concretização do Reino, Jesus rezou: “Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que estejam em nós, para que o mundo creia” (Jo 17, 21).

Criar, gerar, promover comunhão na comunidade cristã não se faz como num passe de mágica; não é obra de um dia. É algo que deve ser constantemente construído. É preciso de ternura para perceber e acolher o outro na sua fraqueza e fragilidade; é preciso de sensibilidade e intuição para captar as necessidades, as luzes e sombras que surgem na comunidade; é preciso de muita humildade para acolher e aceitar as diferenças bem como perceber a riqueza que elas podem trazer; é preciso de muita abertura para ouvir queixas, reclamações, opiniões discordantes; é preciso de muito espírito de oração, de comunhão e intimidade com Deus para percebermos cada vez mais que a missão é d’Ele, que a comunidade é d’Ele, que a Igreja é d’Ele, que o trabalho que realizamos é missão que Ele nos confiou: “Evangelizar não é um título de glória para mim, mas uma necessidade que se me impõe”.

Estando à mesa com os seus discípulos, Jesus “tomou o pão, partiu e o deu aos seus discípulos”. Portanto, Eucaristia é pão, corpo tomado, partido, doado... é sangue derramado (Cf Lc 22, 19-20). Também o cristão que participa da mesa do Senhor deve sentir-se, no seu dia a dia, tomado, isto é, consagrado por Deus no batismo para a missão; partido e repartido para os irmãos (nas dificuldades da missão, nas crises, nas lágrimas, no suor, na falta de reconhecimento, nas ingratidões, quando tem que abrir mão do que gosta...). E, finalmente, doado: dado por Deus ao povo. O cristão não existe para si mesmo, existe para os irmãos.

Nesta construção da comunidade e da pessoa é que a eucaristia vai transformando a sociedade. O cristão eucaristizado vai percebendo que a sociedade que mata, que rouba, que corrompe, que sonega impostos, que acumula, que explora, que destrói precisa ser modificada. Então ele entende aquela recomendação que São João Crisóstomo, nos idos do século IV, fazia à comunidade: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não o desprezes quando o vês em andrajos. Depois de tê-lo honrado na igreja em vestes de seda  não deixes que morra de frio fora, porque não tem com que vestir-se. É, de fato, o mesmo Jesus que diz: ‘Isto é o meu Corpo’ e aquele que diz: ‘tu me viste com fome e não me deste de comer – aquilo que recusaste ao menor de meus irmãos foi a mim que o recusaste’. O corpo de Cristo na Eucaristia exige almas puras, não ornamentos preciosos. Mas no pobre, Ele pede todos os teus cuidados. Comportemo-nos como santos: honremos o Cristo como ele mesmo quer ser honrado: a homenagem mais agradável é sempre aquela que o homenageado deseja receber, não aquela que nós queremos fazer-lhe. Pedro pensava estar honrando seu Mestre não permitindo que o Senhor lhe lavasse os pés. Entretanto, fazia exatamente o contrário. Dai-lhe, pois, a honra que Ele mesmo pediu, doando ao pobre o vosso dinheiro. Ainda uma vez, aquilo que Deus quer não são cálices de ouro, mas almas de ouro”.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

 

Eucaristia para a vida do mundo

aureliano, 07.06.23

Convidados ao banquete.JPG

Corpo e Sangue de Cristo [08 de junho de 2023]

[Jo 6,51-58]

O evangelho de hoje é o final do discurso de Jesus sobre o Pão da Vida. Jesus multiplicou os pães e explicou o sentido desse sinal. Ele mesmo é o pão descido do céu como presente de Deus para a humanidade. Nós nos alimentamos de sua Palavra e do sacramento de seu Corpo e Sangue, vida doada para nossa salvação. A vida dele torna-se nossa vida. Nossa vida de comunhão e intimidade com ele deve nos levar àquela experiência de Paulo: “Já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Ou seja, nossa vida se torna uma presença e uma carta de Cristo para os irmãos e irmãs. Vamos nos tornando capazes de entregar nossa vida, de empenhar nossas energias, nossos dons, nossos bens para o bem de todos. Isso é vida eucarística.

O pão eucarístico é também sinal do pão cotidiano, como rezamos na segunda parte da Oração do Senhor: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. O pão na mesa dos pobres. O pão do perdão e da comunhão nas famílias e comunidades. O pão do respeito e do cuidado pelo meio ambiente, a Casa Comum. O pão da partilha contra todo acúmulo e ganância. Lembremo-nos de que, antes de falar da Eucaristia, Jesus multiplicou o pão comum para alimentar uma multidão faminta.

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O SENTIDO DO “FAZEI ISTO”

Celebramos, hoje, na Igreja Católica, a Solenidade de Corpus Christi. Gostaria de abordar um aspecto desta celebração que julgo ser constitutivo da essência da Eucaristia. Trata-se do verbo fazer: “Fazei isto em memória de mim” (cf. 1Cor 11,24-25).

Quero, em primeiro lugar, chamar a atenção para o gesto de Jesus: “fazei isto”. Não se trata de u’a mera repetição do rito de tomar o pão e o cálice e pronunciar as palavras sagradas. Este “fazei” está se referindo ao gesto de Jesus se entregar por nós. Pão partido e entregue e sangue derramado. Deu-se totalmente: “amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Em segundo lugar, este “fazei” se liga a outros gestos e palavras de Jesus. Assim, na Última Ceia, depois de lavar os pés dos discípulos, diz: “O que fiz por vós, fazei-o vós também” (Jo 13,15). Ou seja, o gesto de lavar os pés dos discípulos foi um gesto eucarístico: Jesus saiu da mesa, depôs o manto, tomou o avental, desceu e se abaixou para lavar os pés dos discípulos. Sair de si e ir ao encontro de alguém: gesto eucarístico de Jesus, gesto eucarístico do discípulo. Jesus, na Ceia, se refere a este “fazer”.

outro “fazer” muito significativo nos relatos evangélicos. Trata-se da parábola do Bom Samaritano. Na conclusão da parábola o Senhor diz ao doutor da lei que lhe perguntara sobre o que “fazer” para alcançar a vida eterna: “Vai tu também e faze o mesmo” (Lc 10,37).

Para não estender mais, concluo com as palavras da Virgem Maria ao anjo que lhe anunciara o Mistério da Encarnação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Um Mistério que traz a salvação para toda a humanidade quis passar pelo “fiat” de uma mulher: Maria de Nazaré.

Estas considerações sobre o “fazei isto em memória de mim” do relato da instituição da Eucaristia podem nos ajudar a entrar um pouco mais no sentido da solenidade que celebramos neste dia: Corpus Christi. Não se trata apenas de “ver” a Hóstia consagrada nem mesmo de simplesmente “comê-la”. Mas há uma consequência ética: o “fazer” de Jesus precisa coincidir com nosso fazer para que não somente levemos o nome de cristãos, mas o sejamos verdadeiramente.

Eucaristia celebrada deve coincidir com Eucaristia vivida. Pão partilhado, mesa farta para todos, nada de desperdício, direitos de todos ao pão, ao trabalho e ao chão para sustento cotidiano; cuidados com a Casa Comum: lutando contra a agressão ao meio ambiente, contra as grilagens e queimadas, agrotóxicos, destruição do Jardim de Deus; empenho em políticas públicas que levem em consideração aqueles que realmente precisam; luta contra preconceitos, violência, feminicídio, exclusão social; celebrações que ajudem os participantes a serem mais eucaristizados e eucaristizantes. “Tendo levantado os olhos, Jesus viu uma grande multidão que acorria a ele. E disse a Filipe: ‘Onde compraremos pães para que tenham o que comer?’ ... Então Jesus tomou os pães, deu graças e os distribuiu aos convivas” (Jo 6,5.11).

Tomai e comei, tomai e bebei

Meu corpo e sangue que vos dou

O Pão da vida sou Eu mesmo em refeição.

Pai de bondade, Deus de Amor

E do universo sustentai

Os que se doam por um mundo irmão.

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QUE É MESMO A EUCARISTIA?

A Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus. Fazer memória significa não somente lembrar, mas celebrar e mergulhar no mistério de Cristo. É nos colocarmos dentro de toda a vida de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que, vindo a esse mundo, entregou sua vida por nós. Por isso, na celebração da Eucaristia nós devemos nos empenhar para fazer com que “a mente, o coração concorde com a voz, com as palavras”, no dizer de São Gregório.

Se celebramos a entrega de Cristo, não estamos fazendo um show. Então a missa não é show, promoção pessoal do padre e seja lá de quem for. Nossa atitude deve ser de compenetração, de humildade, de escuta atenta, de acolhimento, de exame de consciência. Isso nos tem recomendado insistentemente o Papa Francisco: “A Missa não é um espetáculo: é ir ao encontro da paixão e ressurreição do Senhor” (08 de novembro de 2017).

No decorrer da História a missa teve várias conotações. Serviu para coroar papas e reis, para agradecer vitórias de guerra, para enfeitar festas e agradar monarcas e senhores poderosos. Os músicos transformaram partes da missa em concertos belíssimos. Outros faziam da missa sua devoção particular. Ainda hoje, em vários lugares, é quase uma “exigência” para falecidos: “missa de corpo presente”, “missa de sétimo dia” etc. É claro que tem sua importância, mas ocorre que muitos pedem esse tipo de celebração para “salvar o falecido”, sem se envolver pessoalmente com a comunidade de fé. Uma espécie de superstição. Há casos de celebrações eucarísticas “privadas”, “especiais”! Por isso é urgente e necessário compreendermos o que é mesmo a Eucaristia.

O Concílio Vaticano II recuperou o sentido originário da Eucaristia: Memorial da Morte e Ressurreição do Senhor. Quando a comunidade se reúne para celebrar a Eucaristia, ela traz sua vida, suas dores e alegrias e coloca no Coração de Cristo, para que ele, verdadeiro Celebrante, pela oração da Igreja, ofereça ao Pai.

Ao participarmos da Eucaristia estamos nos comprometendo a ser “um só Corpo”. A comunhão no Corpo e Sangue de Cristo nos compromete com Ele. A entrega de Cristo que celebramos pede, exige de nós o gesto de entrega, de doação, de comprometimento com Cristo pela reconstrução da História segundo os critérios do Reino de Deus. Não pode ser verdadeira “comunhão” a busca de um intimismo egoísta que não abre nossos olhos para “ver as necessidades e os sofrimentos de nossos irmãos e irmãs”, e não nos inspira “palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos, os doentes e marginalizados”.

Nesse dia que celebramos a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, somos instados a olhar para o Cristo que se doa, que se entrega, que salva, que enfrenta a morte para que tenhamos vida. Essa contemplação deve nos levar a dar mais um passo em direção a uma vida mais comprometida. Não adianta adorar o Cristo no altar e desprezá-lo no pobre. De pouco vale celebrar a Eucaristia, participar de uma adoração, e depois falar mal dos outros, negar o salário justo, sonegar os impostos e direitos sociais, enganar os outros, ser desonesto nos negócios e no trabalho, se omitir diante das injustiças sociais, levantar bandeiras que defendem a discriminação, a violência, o armamento da população, o aborto, o preconceito, o desrespeito, a morte.

A Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”, deve ocupar o centro de nossa espiritualidade, de nossa oração, de nossas escolhas e decisões. Se Cristo decidiu firmemente enfrentar a morte pela nossa salvação, também nós, seus discípulos e discípulas, precisamos nos dispor a esse caminho. Pois “o discípulo não é maior do que o mestre”.

Pe Aureliano de Moura Lima, SDN

Celebrar a Eucaristia compromete a vida

aureliano, 15.06.22

Corpus Christi - 20 de junho - C.jpg

Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo [16 de junho de 2022]

[Lc 9,11-17]    

O relato da multiplicação dos pães está emoldurado pelo contexto de fim de missão dos discípulos e profissão de fé de Pedro seguida do anúncio da Paixão e condições para o seguimento. Parece que Lucas quer dizer que a Eucaristia refaz as forças do missionário e lhe dá condições de continuar seguindo o Mestre em meio às incompreensões e perseguições. O discípulo é chamado a reafirmar a fé: “Tu és o Cristo de Deus” (Lc 9,20). Ou como em João: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69).

No livro dos Atos dos Apóstolos lemos que as primeiras comunidades cristãs tinham como distintivo a refeição comunitária: “Punham tudo em comum... Dividiam os bens entre todos segundo as necessidades de cada um... Partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade” (cf. At 2, 42ss).

O gesto de Jesus ao reunir o povo no deserto e repartir com eles o pão é uma imagem da Igreja. Ele quis que a Eucaristia fosse alimento para todos, representados nessa multidão. Não quis tomar como modelo as refeições que se faziam para alguns poucos, pessoas da mesma classe ou que podiam pagar pelo banquete.

A Eucaristia é sinal dos tempos novos e definitivos trazidos por Jesus. Neles as divisões e perseguições são superadas. O escândalo da desigualdade econômica e social, da fome crescente, da concentração de renda, da marginalização, da destruição do meio ambiente é incompatível com a Eucaristia. Não é possível ter comunhão com Cristo entregue por nós e desprezarmos os irmãos: “Quando, pois, vos reunis, o que fazeis não é comer a Ceia do Senhor; cada um se apressa por comer a sua própria ceia; e, enquanto um passa fome, o outro fica embriagado” (1Cor 11,20-21). Na Eucaristia Cristo identifica a comida partilhada com sua própria pessoa. Onde não se reparte o pão, Cristo não pode estar presente.

“Na multiplicação dos pães, Jesus não fez descer pão do céu, como o maná de Moisés. Nem transformou pedras em pão, como lhe sugerira o demônio quando das tentações no deserto. Mas ordenou aos discípulos: ‘Vós mesmos, dai-lhes de comer’... e o pão não faltou. Porém, se não observarmos esta ordem de Jesus e não dermos de comer aos nossos irmãos, ele também não poderá tornar-se presente em nosso dom. Então, não só o pão, mas Cristo mesmo faltará” (Pe. Johan Konings, in Liturgia Dominical, p. 397).

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A Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus. Fazer memória significa não somente lembrar, mas celebrar e mergulhar no mistério de Cristo. É nos colocarmos dentro de toda a vida de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que, vindo a esse mundo, entregou sua vida por nós. Por isso, na celebração da Eucaristia nós devemos nos empenhar para fazer com que “a mente, o coração concorde com a voz, com as palavras”, no dizer de São Gregório.

Se celebramos a entrega de Cristo, não estamos fazendo um show. Então a missa não é show, promoção pessoal do padre e seja lá de quem for. Nossa atitude deve ser de compenetração, de humildade, de escuta atenta, de acolhimento, de exame de consciência. Isso nos tem recomendado insistentemente o Papa Francisco: “A Missa não é um espetáculo: é ir ao encontro da paixão e ressurreição do Senhor” (08 de novembro de 2017).

No decorrer da História a missa teve várias conotações. Serviu para coroar papas e reis, para agradecer vitórias de guerra, para enfeitar festas e agradar monarcas e senhores poderosos. Os músicos transformaram partes da missa em concertos belíssimos. Outros faziam da missa sua devoção particular. Ainda hoje, em vários lugares, é quase uma “exigência” para falecidos: “missa de corpo presente”, “missa de sétimo dia” etc. É claro que tem sua importância, mas ocorre que muitos pedem esse tipo de celebração para “salvar o falecido”, sem se envolver pessoalmente com a comunidade de fé. Uma espécie de superstição.

O Concílio Vaticano II recuperou o sentido originário da Eucaristia: Memorial da Morte e Ressurreição do Senhor. Quando a comunidade se reúne para celebrar a Eucaristia, ela traz sua vida, suas dores e alegrias e coloca no Coração de Cristo, para que ele, verdadeiro Celebrante, pela oração da Igreja, ofereça ao Pai.

Ao participarmos da Eucaristia estamos nos comprometendo a ser “um só Corpo”. A comunhão no Corpo e Sangue de Cristo nos compromete com Ele. A entrega de Cristo que celebramos pede, exige de nós o gesto de entrega, de doação, de comprometimento com Cristo pela reconstrução da História segundo os critérios do Reino de Deus. Não pode ser verdadeira “comunhão” a busca de um intimismo egoísta que não abre nossos olhos para “ver as necessidades e os sofrimentos de nossos irmãos e irmãs”, e não nos inspira a termos “palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos, os doentes e marginalizados”.

Nesse dia que celebramos a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, somos instados a olhar para o Cristo que se doa, que se entrega, que salva, que enfrenta a morte para que tenhamos vida. Essa contemplação deve nos levar a dar mais um passo em direção a uma vida mais comprometida. Não adianta adorar o Cristo no altar e desprezá-lo no pobre. De pouco vale celebrar a Eucaristia, participar de uma adoração, e depois falar mal dos outros, negar o salário justo, sonegar os impostos e direitos sociais, enganar os outros, ser desonesto nos negócios e no trabalho, se omitir diante das injustiças sociais, levantar bandeiras que defendem a discriminação, a violência, o armamento da população, o aborto, o preconceito, o desrespeito, a morte.

A Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”, deve ocupar o centro de nossa espiritualidade, de nossa oração, de nossas escolhas e decisões. Se Cristo decidiu firmemente enfrentar a morte pela nossa salvação, também nós, seus discípulos e discípulas, precisamos nos dispor a esse caminho. Pois “o discípulo não é maior do que o mestre”.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

 

Memória celebrada: vidas cuidadas

aureliano, 10.06.20

IMAG1017.jpg

Corpo e Sangue de Cristo [11 de junho de 2020]

[Jo 6,51-58]

Celebramos, hoje, na Igreja Católica, a Solenidade de Corpus Christi. Gostaria de abordar um aspecto desta celebração que julgo ser constitutivo da essência da Eucaristia. Trata-se do verbo fazer: “Fazei isto em memória de mim” (cf. 1Cor 11,24-25).

Quero, em primeiro lugar, chamar a atenção para o gesto de Jesus: “fazei isto”. Não se trata de u’a mera repetição do rito de tomar o pão e o cálice e pronunciar as palavras sagradas. Este “fazei” está se referindo ao gesto de Jesus se entregar por nós. Pão partido e entregue e sangue derramado. Deu-se totalmente: “amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Em segundo lugar, este “fazei” se liga a outros gestos e palavras de Jesus. Assim, na Última Ceia, depois de lavar os pés dos discípulos, diz: “O que fiz por vós, fazei-o vós também” (Jo 13,15). Ou seja, o gesto de lavar os pés dos discípulos foi um gesto eucarístico: Jesus saiu da mesa, depôs o manto, tomou o avental, desceu e se abaixou para lavar os pés dos discípulos. Sair de si e ir ao encontro de alguém: gesto eucarístico de Jesus, gesto eucarístico do discípulo. Jesus, na Ceia, se refere a este “fazer”.

outro “fazer” muito significativo nos relatos evangélicos. Trata-se da parábola do Bom Samaritano. Na conclusão da parábola o Senhor diz ao doutor da lei que lhe perguntara sobre o que “fazer” para alcançar a vida eterna: “Vai tu também e faze o mesmo” (Lc 10,37).

Para não estender muito, concluo com as palavras da Virgem Maria ao anjo que lhe anunciara o Mistério da Encarnação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Um Mistério que traz a salvação para toda a humanidade quis passar pelo “fiat” de uma mulher: Maria de Nazaré.

Estas considerações sobre o “fazei isto em memória de mim” do relato da instituição da Eucaristia podem nos ajudar a entrar um pouco mais no sentido da solenidade que celebramos neste dia: Corpus Christi. Não se trata apenas de “ver” a Hóstia consagrada nem mesmo de simplesmente “comê-la”. Mas há uma consequência ética: o “fazer” de Jesus precisa coincidir com nosso fazer para que não somente levemos o nome de cristãos, mas o sejamos verdadeiramente.

Eucaristia celebrada deve coincidir com Eucaristia vivida. Pão partilhado, mesa farta para todos, nada de desperdício, direitos de todos ao pão e ao chão para sustento cotidiano; cuidados com a Casa Comum: lutando contra a agressão ao meio ambiente, contra as grilagens e queimadas, agrotóxicos, destruição do Jardim de Deus; empenho em políticas públicas que levem em consideração aqueles que realmente precisam; luta contra preconceitos, violência, feminicídio, exclusão social; celebrações que ajudem os participantes a serem mais eucaristizados e eucaristizantes. “Tendo levantado os olhos, Jesus viu uma grande multidão que acorria a ele. E disse a Filipe: ‘Onde compraremos pães para que tenham o que comer?’ ... Então Jesus tomou os pães, deu graças e os distribuiu aos convivas” (Jo 6,5.11).

Tomai e comei, tomai e bebei

Meu corpo e sangue que vos dou

O Pão da vida sou Eu mesmo em refeição.

Pai de bondade, Deus de Amor

E do universo sustentai

Os que se doam por um mundo irmão.

Pe Aureliano de Moura Lima, SDN

Corpo doado, Sangue derramado por nós

aureliano, 19.06.19

Corpus Christi - 20 de junho - C.jpg

Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo [20 de junho de 2019]

[Lc 9, 11-17]      

O relato da multiplicação dos pães está emoldurado pelo contexto de fim de missão dos discípulos e profissão de fé de Pedro seguida do anúncio da Paixão e condições para o seguimento. Parece que Lucas quer dizer que a Eucaristia refaz as forças do missionário e lhe dá condições de continuar seguindo o Mestre em meio às incompreensões e perseguições. O discípulo é chamado a reafirmar a fé: “Tu és o Cristo de Deus” (Lc 9,20). Ou como em João: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69).

No livro dos Atos dos Apóstolos lemos que as primeiras comunidades cristãs tinham como distintivo a refeição comunitária: “Punham tudo em comum... Dividiam os bens entre todos segundo as necessidades de cada um... Partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade” (cf. At 2, 42ss).

O gesto de Jesus ao reunir o povo no deserto e repartir com eles o pão é uma imagem da Igreja. Ele quis que a Eucaristia fosse alimento para todos, representados nessa multidão. Não quis tomar como modelo as refeições que se faziam para alguns poucos, pessoas da mesma classe ou que podiam pagar pelo banquete.

A Eucaristia é sinal dos tempos novos e definitivos trazidos por Jesus. Neles as divisões e perseguições são superadas. O escândalo da desigualdade econômica e social, da fome crescente, da concentração de renda, da marginalização, da destruição do meio ambiente é incompatível com a Eucaristia. Não é possível ter comunhão com Cristo entregue por nós e desprezarmos os irmãos: “Quando, pois, vos reunis, o que fazeis não é comer a Ceia do Senhor; cada um se apressa por comer a sua própria ceia; e, enquanto um passa fome, o outro fica embriagado” (1Cor 11,20-21). Na Eucaristia Cristo identifica a comida partilhada com sua própria pessoa. Onde não se reparte o pão, Cristo não pode estar presente.

“Na multiplicação dos pães, Jesus não fez descer pão do céu, como o maná de Moisés. Nem transformou pedras em pão, como lhe sugerira o demônio quando das tentações no deserto. Mas ordenou aos discípulos: ‘Vós mesmos, dai-lhes de comer’... e o pão não faltou. Porém, se não observarmos esta ordem de Jesus e não dermos de comer aos nossos irmãos, ele também não poderá tornar-se presente em nosso dom. Então, não só o pão, mas Cristo mesmo faltará” (Pe. Johan Konings, in Liturgia Dominical, p. 397).

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A Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição de Jesus. Fazer memória significa não somente lembrar, mas celebrar e mergulhar no mistério de Cristo. É nos colocarmos dentro de toda a vida de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que, vindo a esse mundo, entregou sua vida por nós. Por isso, na celebração da Eucaristia nós devemos nos empenhar para fazer com que “a mente, o coração concorde com a voz, com as palavras”, no dizer de São Gregório.

Se celebramos a entrega de Cristo, não estamos fazendo um show. Então a missa não é show, promoção pessoal do padre e seja lá de quem for. Nossa atitude deve ser de compenetração, de humildade, de escuta atenta, de acolhimento, de exame de consciência. Isso nos tem recomendado insistentemente o Papa Francisco: “A Missa não é um espetáculo: é ir ao encontro da paixão e ressurreição do Senhor” (08 de novembro de 2017).

No decorrer da História a missa teve várias conotações. Serviu para coroar papas e reis, para agradecer vitórias de guerra, para enfeitar festas e agradar monarcas e senhores poderosos. Os músicos transformaram partes da missa em concertos belíssimos. Outros faziam da missa sua devoção particular. Ainda hoje, em vários lugares, é quase uma “exigência” para falecidos: “missa de corpo presente”, “missa de sétimo dia” etc. É claro que tem sua importância, mas ocorre que muitos pedem esse tipo de celebração para “salvar o falecido”, sem se envolver pessoalmente com a comunidade de fé. Uma espécie de superstição.

O Concílio Vaticano II recuperou o sentido originário da Eucaristia: Memorial da Morte e Ressurreição do Senhor. Quando a comunidade se reúne para celebrar a Eucaristia, ela traz sua vida, suas dores e alegrias e coloca no Coração de Cristo, para que ele, verdadeiro Celebrante, pela oração da Igreja, ofereça ao Pai.

Ao participarmos da Eucaristia estamos nos comprometendo a ser “um só Corpo”. A comunhão no Corpo e Sangue de Cristo nos compromete com Ele. A entrega de Cristo que celebramos pede, exige de nós o gesto de entrega, de doação, de comprometimento com Cristo pela reconstrução da História segundo os critérios do Reino de Deus. Não pode ser verdadeira “comunhão” a busca de um intimismo egoísta que não abre nossos olhos para “ver as necessidades e os sofrimentos de nossos irmãos e irmãos”, e não nos inspira a termos “palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos, os doentes e marginalizados”.

Nesse dia que celebramos a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, somos instados a olhar para o Cristo que se doa, que se entrega, que salva, que enfrenta a morte para que tenhamos vida. Essa contemplação deve nos levar a dar mais um passo em direção a uma vida mais comprometida. Não adianta adorar o Cristo no altar e desprezá-lo no pobre. De pouco vale celebrar a Eucaristia, participar de uma adoração, e depois falar mal dos outros, negar o salário justo, sonegar as impostos e direito sociais, enganar os outros, ser desonesto nos negócios e no trabalho, levantar bandeiras que defendem a discriminação, a violência, o porte e a posse de arma de fogo, o aborto, o preconceito, o desrespeito, a morte.

A Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”, deve ocupar o centro de nossa espiritualidade, de nossa oração, de nossas escolhas e decisões. Se Cristo decidiu firmemente enfrentar a morte pela nossa salvação, também nós, seus discípulos, precisamos nos dispor a esse caminho. Pois “o discípulo não é maior do que o mestre”.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

"Fazei isto em memória de mim"

aureliano, 26.05.16

Celebramos, hoje, na Igreja Católica, a Solenidade de Corpus Christi. Gostaria de abordar um aspecto desta celebração que julgo ser constitutivo da essência da Eucaristia. Trata-se do verbo fazer: “Fazei isto em memória de mim” (cf. 1Cor 11,24-25).

Quero, em primeiro lugar, chamar a atenção para o gesto de Jesus: “fazei isto”. Não se trata de u’a mera repetição do rito de tomar o pão e o cálice e pronunciar as palavras sagradas. Este “fazei” está se referindo ao gesto de Jesus se entregar por nós. Pão partido e entregue e sangue derramado. Deu-se totalmente: “amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Em segundo lugar, este “fazei” se liga a outros gestos e palavras de Jesus. Assim, na Última Ceia, depois de lavar os pés dos discípulos, diz: “O que fiz por vós, fazei-o vós também” (Jo 13,15). Ou seja, o gesto de lavar os pés dos discípulos foi um gesto eucarístico: Jesus saiu da mesa, depôs o manto, tomou o avental, desceu e se abaixou para lavar os pés dos discípulos. Sair de si e ir ao encontro de alguém: gesto eucarístico de Jesus, gesto eucarístico do discípulo. Jesus, na Ceia, se refere a este “fazer”.

outro “fazer” muito significativo nos relatos evangélicos. Trata-se da parábola do Bom Samaritano. Na conclusão da parábola o Senhor diz ao doutor da lei que lhe perguntara sobre o que “fazer” para alcançar a vida eterna: “Vai tu também e faze o mesmo” (Lc 10,37).

Para não estender muito, concluo com as palavras da Virgem Maria ao anjo que lhe anunciara o Mistério da Encarnação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Um Mistério que traz a salvação para toda a humanidade quis passar pelo “fiat” de uma mulher: Maria de Nazaré.

Estas considerações sobre o “fazei isto em memória de mim” do relato da instituição da Eucaristia podem nos ajudar a entrar um pouco mais no sentido da solenidade que celebramos neste dia: Corpus Christi. Não se trata apenas de “ver” a Hóstia consagrada nem mesmo de simplesmente “comê-la”. Mas há uma consequência ética: o nosso fazer precisa coincidir com o “fazer” de Jesus para que não somente levemos o nome de cristãos, mas o sejamos verdadeiramente.

Eucaristia celebrada deve coincidir com Eucaristia vivida. Pão partilhado, mesa farta para todos, nada de desperdício, direitos de todos ao pão e ao chão para sustento cotidiano, políticas públicas que levem em consideração aqueles que realmente precisam, celebrações que ajudem os participantes a serem mais eucaristizados e eucaristizantes. “Tendo levantado os olhos, Jesus viu uma grande multidão que acorria a ele. E disse a Filipe: ‘Onde compraremos pães para que tenham o que comer?’ ... Então Jesus tomou os pães, deu graças e os distribuiu aos convivas” (Jo 6,5.11).

Tomai e comei, tomai e bebei

Meu corpo e sangue que vos dou

O Pão da vida sou Eu mesmo em refeição.

Pai de bondade, Deus de Amor

E do universo, sustentai

Os que se doam por um mundo irmão.

 

Pe Aureliano de Moura Lima, SDN