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aurelius

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Pilatos domina e mata; Jesus liberta e salva

aureliano, 22.11.24

Jesus Cristo Rei - 25 de novembro.jpg

Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo [24 de novembro de 2024]

[Jo 18,33-37]

O contexto do relato evangélico deste domingo é o da Paixão. Jesus está diante de Pilatos, representante político do Imperador romano. Um reino deste mundo que se confronta com um Reino que “não é deste mundo”.

É importante distinguir e entender a expressão de Jesus: “O meu reino não é deste mundo”. Pode dar a impressão de que Jesus está contrapondo o mundo criado por Deus, este lugar maravilhoso onde moramos, com um reino que virá depois, distante, para além da morte.

Na verdade o Reino de Deus já está aqui, neste mundo. ‘Jam et nondum’ (já e ainda não). Com sua vida, morte e ressurreição, Jesus já inaugurou o Reino que o Pai lhe confiou. Quando vemos pessoas que se doam, que empenham suas vidas pela fraternidade e pela justiça como Ir. Doroth, como Dom Casaldáliga, como Santo Oscar Romero, como Ir. Dulce dos Pobres, como Pe. Júlio Maria, como Dom Luciano e Dom Helder Câmara e tantas outras, notamos aí a manifestação do Reino de Deus. Uma vida doada em favor da vida por causa do Reino de Deus, movida pela graça de Deus! Uma vida inspirada e movida e pelo Evangelho.

Por outro lado, percebemos que o Reino ainda não se manifesta quando o pecado prevalece nas situações como a do mensalão, do petrolão, do fascismo, do autoritarismo, das queimadas, das minerações e desmatamentos insustentáveis, do desrespeito às minorias, do preconceito, das propinas sem conta, das extorções financeiras, dos desvios de verbas, das sonegações de impostoos e todas as situações de oportunismos agregadas a fatos como estes. Quando os negros são discriminados e as comunidades quilombolas ameaçadas; quando os povos indígenas são dizimados e suas terras invadidas; quando a Igreja pactua com os poderosos e influentes perversos da sociedade; quando se mente, se engana, se mata, se rouba em nome de Deus; quando a fome dizima pessoas, comunidades e famílias; quando a guerra assassina e mentirosa tiraniza e maltrata desvalidos. Quando a norte ceifa a vida de tantos jovens envolvidos no tráfico de drogas e de seres humanos; quando a violência campeia em nossas ruas, praças e famílias.

O Reino de Deus se manisfesta na vivência da verdade proclamada por Jesus: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Essa afirmação de Jesus define seu caminho profético: quer sempre viver a verdade, ainda que isso lhe custe a vida. Qual verdade? A verdade de um Deus que quer um mundo mais humano para todos.

Há um versículo de João muito proclamado no meio neopentecostal e que considero muito importante, mas muitas vezes, arrancado de seu contexto vital, serve para justificar ideologias perversas: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). A dificuldade está em que se esquece do versículo 31: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”. Ora, para ser livre pela verdade do evangelho é preciso “permanecer” e “ser discípulo”. Há um povinho que vive repetindo de boca cheia: “Conhecereis a verdade…”, mas cujas atitudes estão muito longe do evangelho e, consquentemente, do discipulado de Jesus. Costumam ser muito mais amigos do dinheiro e do poder do que de Jesus. Não sei que liberdade é essa! Comportam-se como escravos do poder e do dinheiro!

Quando Jesus dicorre sobre a verdade ele fala com autoridade. Sem autoritarismos: ao contrário do que se experimenta nos meios em que se visam ao poder, ao sucesso e à fama. Sem dogmatismos, ao contrário do que acontece em muitas de nossas comunidades religiosas. Jesus é guardião, testemunha da verdade. Sua vida manifesta a verdade de Deus. Ele é a verdade: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Jesus converte-se assim em “voz dos sem voz, e voz contra os que têm demasiada voz” (Jon Sobrino).

Esconder a verdade é o maior pressuposto de quem vive em função dos poderes financeiros e políticos que dominam o mundo. A verdade não pode aparecer. Mentem de cara limpa. Matam, destroem, escravizam para que a verdade não se manifeste. Aqui, sim, cabe não nos esquecermos das palavras do próprio Jesus: “A verdade vos libertará” (Jo 8,32). A mentira aprisiona, escraviza. Somente uma vida vivida na verdade torna livre o ser humano.

Queremos, pois, fazer um caminho de verdade, de liberdade, de reconhecimento do Reino de Deus que se manifesta nas nossas atitudes diárias. Isso implica colocar-nos “diante de Pilatos”, ou seja, faz-nos confrontrar com um poder de mentira e de morte, com um reino que visa à dominação deste mundo. Em outras palavras, não ser deste mundo, ser da verdade nos configura a Cristo crucificado e ressuscitado.

Para refletir: Permito que Jesus exerça sua realeza na minha vida, na vida de minha comunidade, através da abertura à sua Palavra, à sua vontade, ao seu perdão, ao seu amor, e pela solidariedade com tantos que sofrem e procuram um sentido para a sua vida?

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*Dia dos cristãos leigos e leigas

2018 foi consagrado ao Laicato Cristão. Ao propor esse tema a CNBB  teve a intenção de despertar maior consciência do serviço e ministério dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Vamos conferir:

  • Estimular a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas, “verdadeiros sujeitos eclesiais” (DAp. n. 497), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade.
  • Criar programas de formação de ministériosleigos de coordenação e animação de comunidades, pastorais e movimentos.
  • Fortalecer a articulação das redes de comunidades (Doc. 100 da CNBB).
  • Promover mecanismos de participação popular para o fortalecimento do controle social e da gestão participativa (Conselhos deDireitos, Grupos de Acompanhamento ao Legislativo, Iniciativas Populares, Audiências, Referendos, Plebiscitos, entre outros).

Rezemos com a Igreja: Nós vos pedimos, ó Pai, que os batizados atuem como sal da terra e luz do mundo: na família, no trabalho, na política, e na economia, nas ciencias e nas artes, na e ducação, na cultura e nos meios de comunicação; na cidade, no campo e em todo o planeta, nossa “casa comum”. Amém.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

O Reinado que brota da cruz para a reconciliação

aureliano, 22.11.19

Solenidade de Jesus Cristo Rei - 24 de novembro -

Solenidade de Cristo Rei do Universo [24 de novembro de 2019]

[Lc 23,35-43]

A festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925. Com que intenção? Para que os fiéis reconheçam Jesus como Senhor e Rei da história e que, somente nele, se pode construir e viver a paz e a justiça neste mundo.

Os últimos acontecimentos que temos vivido no Brasil e no mundo são sinais de que não é possível construir a paz, a fraternidade, a justiça, a defesa da vida sem os valores do evangelho proclamados por Jesus. A ganância do ter e a sede de poder invadiram o coração dos governantes, legisladores e juízes. A confusão está instalada. Sem volta ao evangelho é impossível reconstruir a paz e a harmonia na história. O poder de governar não pode ser colocado em benefício próprio, mas em favor de todos, particularmente dos mais vulneráveis. É um poder-serviço (cf. Mt 20,26). Neste sentido, o Reinado de Jesus se constitui modelo.

A imagem que temos de rei é de alguém com coroa de ouro, cercado de guardas e militares, sentado num trono, morando num palácio etc. Essa imagem, construída pelas experiências históricas que conhecemos, não ajuda a entendermos a solenidade de hoje.

Precisamos voltar ao evangelho. A cena é da paixão. Jesus está condenado, preso, na cruz. Zombam dele. “Havia uma inscrição acima dele: ‘Este é o Rei dos judeus’”. Isso foi escrito a modo de ironia para com Jesus. Mas converte-se numa grande verdade. Ele é realmente Rei, mas o seu reino “não é deste mundo”, disse a Pilatos. O trono de Cristo é a cruz, sua coroa é formada de espinhos e seu reino se concretiza na oferta de toda a sua vida ao Pai.

Para entender a realeza de Jesus é preciso recorrer à compreensão de rei que Deus queria para o seu povo, como evoca o Antigo Testamento. Aquele que seria o “lugar-tenente de Deus” para assegurar a paz e a justiça: “És tu que apascentarás o meu povo Israel e és tu quem serás o chefe de Israel” (2Sm 5,2). Mas a história mostra que quase sempre o coração do rei se desviava da aliança de Deus. Isso trazia muito sofrimento para toda a população.

Jesus inaugura um reino diferente. Seu reinado se inicia na cruz e dele participa quem faz um caminho de conversão: o filho pródigo, Zaqueu, a pecadora, o publicano, o próprio companheiro de cruz: o ladrão arrependido.  O reino de Jesus, para Lucas, é o reino da reconciliação do ser humano com Deus. O bom ladrão não faz apenas um pedido, uma oração, mas também uma confissão de fé em Jesus como Rei: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino”. A conversão brota da experiência de fé.

A promessa de Jesus ao suplicante nos garante quem é Jesus e o caminho que devemos trilhar: “Em verdade, eu te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. Jesus reconcilia com o Pai aqueles que acreditam nele. E a cruz é o centro dessa reconciliação, ato supremo do serviço de Jesus a seus irmãos.

A morte de Cristo na cruz é um gesto divino de amor que produz a conversão para a superação do ódio e da divisão. Desta morte todos participamos bem como de sua ressurreição e de seu reinado. Ele é a Cabeça e nós, Igreja, seu Corpo. Vinculados a ele pela consagração batismal somos também reis com ele. Isso não significa nos prevalecermos sobre os outros, mas trilharmos um caminho de conversão, expressa no serviço aos demais e na procura constante do Senhor, que nos entregou sua vida.

Cristo é rei pela cruz. Isso não entra facilmente na nossa cabeça infectada pela idéia capitalista do prestígio, da ambição e do poder. Quem pensa que a festa de Cristo Rei é a reafirmação da instituição eclesiástica está desviando a Igreja do caminho de Jesus. É preciso tirar de nossa cabeça a mentalidade do prestígio e do poder. O reinado de Cristo chega ao nosso mundo por meio de pequenos gestos, escondidos, ignorados, relegados ao esquecimento, tal como a morte de Jesus na cruz.

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*Dia dos cristãos leigos e leigas

É oportuno recordar a Missão dos cristãos leigos/as:

  • Uma presença e a atuação como “verdadeiros sujeitos eclesiais” (DAp. n. 497), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade.
  • Formar-se para os ministérios leigos de coordenação e animação de comunidades, pastorais e movimentos.
  • Fortalecer a articulação das redes de comunidades (Doc. 100 da CNBB).
  • Trabalhar e empenhar-se por uma Igreja sempre mais sinodal, participativa.
  • Promover mecanismos de participação popular para o fortalecimento do controle social e da gestão participativa (Conselhos de Direitos, Grupos de Acompanhamento ao Legislativo, Iniciativas Populares, Audiências, Referendos, Plebiscitos, entre outros).
  • Nossos Bispos propõem que as pequenas comunidades missionárias devem partir do senso de fé, dos carismas, dos ministérios e do serviço cristão à sociedade. São espaços propícios para o crescimento espiritual, por meio da partilha da experiência de fé e da fidelidade a Jesus Cristo e a seu Evangelho. “Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (EG, 183). Toda comunidade cristã é esencialmente missionária, “Igreja em saída” (cf. Diretrizes Gerais CNBB 2019-2022, n. 36).

Súplica: Nós vos pedimos, ó Pai, que os batizados atuem como sal da terra e luz do mundo: na família, no trabalho, na política e na economia, nas ciências e nas artes, na educação, na cultura e nos meios de comunicação; na cidade, no campo e em todo o planeta, nossa “Casa Comum”. Amém.

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*Dia da Consciência Negra

No último dia 20 de novembro, celebramos o dia da Consciência Negra. A data homenageia Zumbi dos Palmares, um líder que defendeu a raça negra contra a escravatura e que morreu no dia 20 de novembro de 1695 enquanto defendia sua comunidade que lutava pelos direitos de seu povo. Seria muito importante que trabalhássemos em nosso coração, com nossos filhos e netos o respeito, amabilidade, a quebra do preconceito. Este se manifesta em piadas, brincadeiras, discriminações. As estatísticas mostram que o negro é ainda altamente discriminado. Que o racismo está muito vivo em nosso meio. E, ultimamente, parece ter crescido em forma de violência e morte. A fé cristã não admite distinção de pessoas: “Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,27-28).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN