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aurelius

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O dia do Juízo virá

aureliano, 25.11.22

1º Domingo do Advento - 1º de dezembro - A.jpg

1º Domingo do Advento [27 de novembro de 2022]

[Mt 24,37-44]

Estamos no Advento! Tempo litúrgico conhecido como preparação para o Natal. Mas na verdade é um tempo de celebrar a vinda do Senhor. Ele veio uma primeira vez historicamente, na Palestina. Ele virá uma segunda vez em sua glória para “julgar os vivos e os mortos”. E ele continua vindo no presente da Igreja, que deve se empenhar para ser sinal de sua presença no mundo.

O comércio se vale deste momento para vender, comprar, ganhar dinheiro. É preciso, porém, ter cuidado para não fazer deste tempo uma ocasião de festas sem aquela preocupação basilar de que falam as leituras da liturgia deste domingo: “Deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz... andemos decentemente; não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes” (Rm 13,12-13). E ainda: “Ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais” (Mt 24,44).

Não quero, com isso, negar a importância da festa, do encontro familiar, do descanso, da dança, da música, das alegrias ao redor da mesa. O que deve, porém, caracterizar nossas festas é a dimensão cristã destas festividades. Não perder o sentimento de solidariedade: não esbanjar, desperdiçar; não fechar o coração ao pobre e necessitado; buscar a reconciliação, o perdão, a celebração, a partilha. São elementos que “batizam” as nossas festas natalinas.

O Evangelho fala de três situações que mostram a importância de estarmos preparados. No episódio bíblico do dilúvio ninguém se interessou pela arca que Noé preparava. É uma advertência para estarmos conscientes de que o fim é inevitável. É preciso ouvir e ver os sinais de Deus manifestos nos gestos das pessoas. Sobre a narrativa em que as mulheres e os homens estão trabalhando (cf. Mt 24,40-41), é interessante notar que as pessoas estavam fazendo as mesmas atividades, no entanto “uma será tirada e outra será deixada”. Jesus quer dizer que o importante não é o que se está fazendo, mas o modo como cada um age no seu cotidiano. O cristão faz o mesmo que todos fazem, mas com o diferencial de fazê-lo à maneira de Jesus. Não há necessidade de ações heróicas, mirabolantes, de propósitos impossíveis de serem cumpridos. O que o Senhor quer é que nossas atitudes sejam regadas de fraternidade, de sinceridade, de compreensão, de perdão, de ajuda mútua, de solidariedade, de verdade.

Finalmente o ladrão, que sempre surpreende. Para não ser pego de surpresa é preciso vigiar, estar acordado, atento, alerta. Não podemos estar dormindo, mas viver em estado desperto à luz do Dia de Cristo, para que ele nos possa encontrar dispostos para a vida de incansável caridade que ele nos ensinou: “Tudo o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40).

Esta vigilância de que fala o evangelho deve ser carregada de esperança. Então não se pode compreender uma espera vigilante que descarta aqueles que estão ao meu lado precisando de minha colaboração. O Papa Francisco chama-nos a atenção: "Não podemos dormir tranquilos enquanto houver crianças que morrem de fome e idosos que não têm assistência médica" (17/08/2013). Então a vigilância que Jesus pede deve ser inquieta. Não basta rezar, ir à Igreja, pedir isso ou aquilo a Deus. É preciso assumir uma atitude de fiel discípulo de Jesus.

Meu pensamento e minhas ações estão voltados para Deus e seu projeto ou voltados para mim mesmo? Isso é que decide a sorte de cada um no juízo de Deus.

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“NÃO PEGARÃO EM ARMAS”

“Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas contra os outros e não mais travarão combate. Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,4-5).

O texto está tratando de uma situação vivida por Israel e provocada por governantes que fazem alianças perigosas com reis de nações vizinhas. Depositam assim a confiança nas forças humanas e não em Deus. O abandono de Deus e a confiança nas próprias forças colocam em risco toda a comunidade israelita.

O profeta intervém alertando sobre a necessidade de se voltar para Deus e depositar nele a confiança e a esperança. Sobretudo de não pensar que vencerão pela força do exército e das armas. O capítulo VII de Isaías aprofunda essa temática: “Se não o crerdes não vos mantereis firmes” (Is 7,9).

Quero aqui, mais uma vez, chamar a atenção a respeito de projetos propulsores de violência como o da posse e porte de armas de fogo e de outras ações violentas defendidas por pessoas que se dizem cristãs. Esse relato da Escritura convida a transformar as armas de guerra em instrumento de produção de alimento: espadas em arados e lanças em foices.

Como é que alguém que se diz temente a Deus e que cita a Sagrada Escritura como verdade revelada por Deus, pode defender a matança, a eliminação do ser humano? Está faltando em nossa Igreja e nos cristãos de modo geral uma volta para Deus, um processo de conversão do coração. O caminho do combate à violência deve passar pelos valores do Evangelho. Jesus deve ser a meta, o horizonte, o foco, a mira do cristão. “A essas palavras, um dos guardas, que ali se achavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: ‘Assim respondes ao Sumo Sacerdote?’. Respondeu Jesus: ‘Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?’”(Jo 18, 22-23). A contemplação dessa cena da Paixão do Senhor pode nos ajudar a aprender do Mestre de Nazaré a atitude de reconciliação e de paz já recomendada pelo profeta: “Eles não pegarão mais em armas uns contra os outros” (Is 2,4).

Como estamos nos preparando para celebrar o Natal do Senhor, o Príncipe da Paz? Com pensamentos de paz, de reconciliação, de perdão? Ou de guerra, de ódio, de vingança, de destruição?

Deixo com o Papa Francisco a palavra final:

“Com a convicção de que é possível e necessário um mundo sem armas nucleares, peço aos líderes políticos para não se esquecerem de que as mesmas não nos defendem das ameaças à segurança nacional e internacional do nosso tempo.

Um dos anseios mais profundos do coração humano é o desejo de paz e estabilidade. A posse de armas nucleares e outras armas de destruição de massa não é a melhor resposta a este desejo; antes, parecem pô-lo continuamente à prova. O nosso mundo vive a dicotomia perversa de querer defender e garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança, que acaba por envenenar as relações entre os povos e impedir a possibilidade de qualquer diálogo.

No mundo atual, onde milhões de crianças e famílias vivem em condições desumanas, o dinheiro gasto e as fortunas obtidas no fabrico, modernização, manutenção e venda de armas, cada vez mais destrutivas, são um atentado contínuo que brada ao céu.

Em 1963, o Papa São João XXIII, na Encíclica Pacem in terris, solicitando também a proibição das armas atômicas (cf. n. 112), afirmou que «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [em armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua» (n. 113).

Oxalá a oração, a busca incansável de promover acordos, a insistência no diálogo sejam as «armas» em que deponhamos a nossa confiança e também a fonte de inspiração dos esforços para construir um mundo de justiça e solidariedade que forneça reais garantias para a paz.

Peço-vos para nos unirmos em oração diária pela conversão das consciências e pelo triunfo duma cultura da vida, da reconciliação e da fraternidade; uma fraternidade que saiba reconhecer e garantir as diferenças na busca dum destino comum” (Excertos do discurso do Papa Francisco no Japão, em 24 de novembro de 2019).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

 

Viver preparados para o Juízo

aureliano, 29.11.19

1º Domingo do Advento - 1º de dezembro - A.jpg

1º Domingo do Advento [1º de dezembro de 2019]

[Mt 24,37-44]

Estamos no Advento! Tempo litúrgico conhecido como preparação para o Natal. Mas na verdade é um tempo de celebrar a vinda do Senhor. Ele veio uma primeira vez historicamente, na Palestina. Ele virá uma segunda vez em sua glória para “julgar os vivos e os mortos”. E ele continua vindo no presente da Igreja, que deve se empenhar para ser sinal de sua presença no mundo.

O comércio se vale deste momento para vender, comprar, ganhar dinheiro. É preciso, porém, ter cuidado para não fazer deste tempo uma ocasião de festas sem aquela preocupação basilar de que falam as leituras da liturgia deste domingo: “Deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz... andemos decentemente; não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes” (Rm 13,12-13). E ainda: “Ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais” (Mt 24,44).

Não quero, com isso, negar a importância da festa, do encontro familiar, do descanso, da dança, da música, das alegrias ao redor da mesa. O que deve, porém, caracterizar nossas festas é a dimensão cristã destas festividades. Não perder o sentimento de solidariedade: não esbanjar, desperdiçar; não fechar o coração ao pobre e necessitado; buscar a reconciliação, o perdão, a celebração, a partilha. São elementos que “batizam” as nossas festas natalinas.

O Evangelho fala de três situações que mostram a importância de estarmos preparados. No episódio bíblico do dilúvio ninguém se interessou pela arca que Noé preparava. É uma advertência para estarmos conscientes de que o fim é inevitável. É preciso ouvir e ver os sinais de Deus manifestos nos gestos das pessoas. Sobre a narrativa em que as mulheres e os homens estão trabalhando (cf. Mt 24,40-41), é interessante notar que as pessoas estavam fazendo as mesmas atividades, no entanto “uma será tirada e outra será deixada”. Jesus quer dizer que o importante não é o que se está fazendo, mas o modo como cada um age no seu cotidiano. O cristão faz o mesmo que todos fazem, mas com o diferencial de fazê-lo à maneira de Jesus. Não há necessidade de ações heróicas, mirabolantes, de propósitos impossíveis de serem cumpridos. O que o Senhor quer é que nossas atitudes sejam regadas de fraternidade, de sinceridade, de compreensão, de perdão, de ajuda mútua, de solidariedade, de verdade.

Finalmente o ladrão, que sempre surpreende. Para não ser pego de surpresa é preciso vigiar, estar acordado, atento, alerta. Não podemos estar dormindo, mas viver em estado desperto à luz do Dia de Cristo, para que ele nos possa encontrar dispostos para a vida de incansável caridade que ele nos ensinou: “Tudo o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40).

Esta vigilância de que fala o evangelho deve ser carregada de esperança. Então não se pode compreender uma espera vigilante que descarta aqueles que estão ao meu lado precisando de minha colaboração. O Papa Francisco chama-nos a atenção: "Não podemos dormir tranquilos enquanto houver crianças que morrem de fome e idosos que não têm assistência médica" (17/08/2013). Então a vigilância que Jesus pede deve ser inquieta. Não basta rezar, ir à Igreja, pedir isso ou aquilo a Deus. É preciso assumir uma atitude de fiel discípulo de Jesus.

Meu pensamento e minhas ações estão voltados para Deus e seu projeto ou voltados para mim mesmo? Isso é que decide a sorte de cada um no juízo de Deus.

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“NÃO PEGARÃO EM ARMAS”

“Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas contra os outros e não mais travarão combate. Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,4-5).

O texto está tratando de uma situação vivida por Israel e provocada por governantes que fazem alianças perigosas com reis de nações vizinhas. Depositam assim a confiança nas forças humanas e não em Deus. O abandono de Deus e a confiança nas próprias forças colocam em risco toda a comunidade israelita.

O profeta intervém alertando sobre a necessidade de se voltar para Deus e depositar nele a confiança e a esperança. Sobretudo de não pensar que vencerão pela força do exército e das armas. O capítulo VII de Isaías aprofunda essa temática: “Se não o crerdes não vos mantereis firmes” (Is 7,9).

Quero aqui, mais uma vez, chamar a atenção a respeito de projetos propulsores de violência como o da posse e porte de armas de fogo e de outras ações violentas defendidas por pessoas que se dizem cristãs. Esse relato da Escritura convida a transformar as armas de guerra em instrumento de produção de alimento: espadas em arados e lanças em foices.

Como é que alguém que se diz temente a Deus e que cita a Sagrada Escritura como verdade revelada por Deus, pode defender a matança, a eliminação do ser humano? Está faltando em nossa Igreja e nos cristãos de modo geral uma volta para Deus, um processo de conversão do coração. O caminho do combate à violência deve passar pelos valores do Evangelho. Jesus deve ser a meta, o horizonte, o foco, a mira do cristão. “A essas palavras, um dos guardas, que ali se achavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: ‘Assim respondes ao Sumo Sacerdote?’. Respondeu Jesus: ‘Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?’”(Jo 18, 22-23). A contemplação dessa cena da Paixão do Senhor pode nos ajudar a aprender do Mestre de Nazaré a atitude de reconciliação e de paz já recomendada pelo profeta: “Eles não pegarão mais em armas uns contra os outros” (Is 2,4).

Como estamos nos preparando para celebrar o Natal do Senhor, do Príncipe da Paz? Com pensamentos de paz, de reconciliação, de perdão? Ou de guerra, de ódio, de vingança, de destruição?

Deixo com o Papa Francisco a palavra final:

“Com a convicção de que é possível e necessário um mundo sem armas nucleares, peço aos líderes políticos para não se esquecerem de que as mesmas não nos defendem das ameaças à segurança nacional e internacional do nosso tempo.

Um dos anseios mais profundos do coração humano é o desejo de paz e estabilidade. A posse de armas nucleares e outras armas de destruição de massa não é a melhor resposta a este desejo; antes, parecem pô-lo continuamente à prova. O nosso mundo vive a dicotomia perversa de querer defender e garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança, que acaba por envenenar as relações entre os povos e impedir a possibilidade de qualquer diálogo.

No mundo atual, onde milhões de crianças e famílias vivem em condições desumanas, o dinheiro gasto e as fortunas obtidas no fabrico, modernização, manutenção e venda de armas, cada vez mais destrutivas, são um atentado contínuo que brada ao céu.

Em 1963, o Papa São João XXIII, na Encíclica Pacem in terris, solicitando também a proibição das armas atômicas (cf. n. 112), afirmou que «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [em armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua» (n. 113).

Oxalá a oração, a busca incansável de promover acordos, a insistência no diálogo sejam as «armas» em que deponhamos a nossa confiança e também a fonte de inspiração dos esforços para construir um mundo de justiça e solidariedade que forneça reais garantias para a paz.

Peço-vos para nos unirmos em oração diária pela conversão das consciências e pelo triunfo duma cultura da vida, da reconciliação e da fraternidade; uma fraternidade que saiba reconhecer e garantir as diferenças na busca dum destino comum” (Excertos do discurso do Papa Francisco no Japão, em 24 de novembro de 2019).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

A paciência de Deus

aureliano, 22.07.17

joio e trigo.jpg

16º Domingo do Tempo Comum [23 de julho de 2017]

[Mt 13,24-43]

Continuamos no capítulo 13 de Mateus no qual Jesus conta uma série de parábolas do Reino. No domingo passado pudemos rezar a parábola do semeador na qual Jesus mostra a variedade de terreno e a força da semente que é a Palavra de Deus. A grande tentação é negar-se a prestar ouvido ao que Deus pede de nós: “quem tiver ouvidos, ouça” (Mt 13,9); é negar-se a olhar para Jesus (cf. Hb 12,2) e manter os olhos fixos em si mesmo, alimentando um narcisismo perverso.

Hoje a liturgia traz a narrativa de várias parábolas: do joio e do trigo > deixar crescer juntos entregando a responsabilidade da seleção para Deus; da semente de mostarda > um Reino revestido de humildade, sem grandeza, mas que revela sua força por isso mesmo; do fermento > a força de Deus escondida, porém transformadora.

A parábola do joio e do trigo adverte nossa falta de paciência, de longanimidade (grandeza de alma) diante das fraquezas e pecados alheios. Buscamos resultados imediatos, números, mudança segundo nossos critérios, muitas vezes legalistas e exigentes demais. Ainda mais: quantas vezes nos arvoramos em juízes implacáveis das pessoas! Jesus quer que demos sempre uma nova oportunidade ao ser humano que erra.

As atitudes devem ser avaliadas e julgadas, mas a pessoa deve ser sempre respeitada. Ninguém conhece perfeitamente os recônditos do coração humano. Isso é prerrogativa divina. Por isso, somente a Deus compete o juízo definitivo.

Quando Mateus escreve este texto, provavelmente quer mostrar uma realidade da comunidade que aguardava a vinda de Jesus (Parusia) para muito em breve. Por isso exorta à paciência. Hoje o que impacienta pode ser o ativismo, o imediatismo e mesmo o radicalismo de pessoas até muito engajadas na comunidade, mas que sufocam e matam a semente no coração dos outros.

Penso que a grande lição do evangelho de hoje para nós e nossas comunidades é a de termos mais paciência com as dificuldades dos irmãos, respeitando seus passos, acolhendo suas diferenças. Muitas vezes alguém que poderia crescer muito na comunidade, acaba por minguar-se por falta de incentivo, de apoio, de perdão, de respeito, de tempo. É preciso dar força ao trigo para que não seja sufocado pelo joio.

Importa, mais do que nunca, acolher a grandeza de Deus que está muito além de nossos pobres e mesquinhos juízos sobre a salvação dada por Deus a todas as pessoas. A nós compete colaborar com o Pai na obra da salvação. Julgar, selecionar, recompensar, punir etc é atributo de Deus. Quando nos deixamos conduzir pelo Espírito de Deus, assumindo o jeito de viver de Jesus, seu projeto vai se realizando no mundo.

Devemos nos colocar sempre como colaboradores de Deus espalhando a semente do bem no mundo e tendo uma atitude que sempre incomode o reino de morte.

 

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O REINO DE DEUS É FEITO DE MISERICÓRDIA, DE SIMPLICIDADE E DE FORÇA INTERIOR

A primeira parábola quer nos ajudar a entender a misericórdia de Deus. A pessoa deve ter sempre mais uma chance, uma oportunidade. O Pai dá sempre tempo para a conversão (cf. Lc 15: parábolas da misericórdia). Isso significa também que não nos podemos escandalizar diante de uma Igreja medíocre, pecadora, longe do ideal evangélico. Feita de santos e pecadores e mergulhada no mundo, ela corre sempre o risco de se contaminar pela maldade. Por isso precisamos mudar nossa ideia de Deus: de um deus violento, intolerante, ciumento, mesquinho, avarento a um Deus misericordioso, compassivo, paciente e justo. É o Deus revelado por Jesus.

A segunda parábola lembra-nos a dimensão da simplicidade do Reino de Deus. Dá uma ideia de amplidão, de crescimento, de espaço a partir da pequenez evangélica. A pequenez da semente vem mostrar que a força do Reino não está na aparência, na exterioridade, mas no conteúdo. O Reino de Deus anunciado por Jesus cresce e se expande pela força que vem do Alto.

A terceira parábola nos remete à força interior do Reino de Deus. O fermento age sem ser visto. A gente não vê o fermento no bolo ou no pão. Sabemos que está ali e agiu pelo gosto gostoso. O verdadeiro sabor da vida cristã não vem de fora: de ritos, de shows, de ativismo etc. A força que transforma o ser humano, o mundo, a história vem de Deus. Uma vida alimentada pela mística, pela espiritualidade, pela oração é que vai produzir frutos que transformam o mundo.

Essas parábolas não nos deixam esquecer que o Reino é de Deus. Não somos nós os protagonistas da transformação da história. É Deus que age e transforma as pessoas. Nós somos instrumentos, muitas vezes, desajeitados em suas mãos. Às vezes fazemos bem, às vezes fazemos mal; às vezes ajudamos, às vezes atrapalhamos. O importante é colocar-se sempre aberto e disponível para colaborar na obra da salvação da humanidade. O resto é por conta do Pai.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN