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aurelius

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O cristão olha para os pobres

aureliano, 24.01.25

3º domingo do TC - C.jpg

3º Domingo do Tempo Comum [26 de janeiro de 2025]

[Lc 1,1-4; 4,14-21]

A liturgia deste domingo convida a comunidade cristã à escuta atenta e fiel da Palavra de Deus. No evangelho, Lucas justifica a escrita que faz da narrativa dos ‘acontecimentos’ realizados por Jesus e transmitidos pelas ‘testemunhas oculares e ministros da palavra’. Em seguida, no capítulo 4º, Lucas narra que Jesus toma o texto de Isaías e encontra a passagem que lhe diz respeito. Ou seja, ungido com o Espírito do Senhor, deve anunciar a boa nova aos pobres.

Primeiramente é bom notarmos que Lucas fala de “acontecimentos”. É a narrativa dos atos e palavras de Jesus. Não u’a mera doutrina, mas um acontecimento. Como disse o Papa Bento XVI, a vida cristã é o ‘encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá um novo horizonte à vida’. Depois, esses “acontecimentos” tiveram “testemunhas”. Ou seja, algumas pessoas ouviram e viram e interpretaram, à luz da Ressurreição, aqueles acontecimentos. Ainda mais: aquelas ‘testemunhas oculares’ assumiram um novo horizonte de vida. Não viveram mais como dantes. Ficaram tão entusiasmadas por aquele homem que morreu na cruz e ressuscitou que começaram a viver de modo novo e a transmitir essa Boa Nova a todos que encontravam pelo caminho.

O encantamento despertado por Jesus nos seus seguidores é fruto de um programa de vida que veio realizar. Esse programa de vida está descrito no texto de hoje: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor”.

É preciso notar que Jesus lança um olhar de misericórdia sobre os pobres. Ele não vê primeiro o pecado, mas o sofrimento das pessoas. Talvez um dos equívocos de alguns setores da Igreja seja o de firmar-se sobre a doutrina moral fria e legalista sem levar em conta a pessoa nas suas circunstâncias. Em vista disso o teólogo Johann Metz dizia: “A doutrina cristã da salvação dramatizou demasiadamente o problema do pecado, enquanto relativizou o problema do sofrimento”. No programa de Jesus a dor humana sempre ocupou o primeiro lugar.

Alguém poderia argumentar: - “Mas Jesus, diante do paralítico, perdoou-lhe o pecado primeiro, depois o curou”. É certo, mas não deixou de aliviar seu sofrimento físico e moral dizendo-lhe: “Levanta-te, pega teu leito e vai para casa”. Em todas as circunstancias vemos Jesus lançando um olhar de misericórdia sobre o sofrimento humano. Essa atitude de Jesus nos ajuda a refletir sobre nosso modo de lidar na comunidade. Talvez nosso grande pecado seja o de condenar as atitudes dos outros enquanto nos fechamos em nosso bem-estar. Se o sofrimento humano não nos comove e desacomoda é sinal de que o programa de vida de Jesus não nos diz respeito. O mesmo se diga em relação à nossa presença nos espaços sociais, políticos, administrativos: seguindo o programa de vida de Jesus, não se pode ser conivente com falcatruas, com propineiros, com mentirosos e perversos, promotores da violência, da destruição do meio ambiente, da concentração de renda em prejuízo dos pobres da terra.

As tragédias múltiplas como pandemia, rompimento de barragens, tragédias climáticas, fome e miséria pelas quais muitas comunidades e famílias têm passado devem servir de alerta a todos nós, particularmente aos insensatos donos do poder que, tomados pela insensibilidade, protegem e defendem os poderosos e oprimem e destroem os pobres e pequenos. Deus nos livre de gente perversa que visa ao seu próprio bolso e bem-estar mediante o sacrifício da vida dos pequenos, dos trabalhadores e dos pobres! Não se pode ficar calado diante dos salários exorbitantes e do aumento da concentração de renda de alguns, enquanto outros vivem na miséria. São Paulo exorta: Todos nós, batizados num único Espírito, somos muitos membros e formamos um só corpo (cf. 1Cor 12,13). Ora se essa é a condição do cristão, não se pode conceber que um membro seja oprimido, destruído ou abandonado pelo outro. Os cuidados devem ser recíprocos e carregados de zelo.

E note bem: ser cristão não é uma questão de escolha. Uma vez que conhecemos Jesus e seu ensinamento, não se pode mais escolher outro caminho. Ele é a única escolha que podemos fazer. Seu programa de vida deve ser nosso programa. Suas atitudes devem ser inspiração para as nossas. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. E ainda: “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim”. Não há outro caminho de salvação. – Ser cristão não é fruto de “decisão ética”. Também a “opção pelos pobres” não é fruto de uma ideologia, nem é descoberta da Teologia da Libertação. Ela é constitutiva do “conteúdo da fé cristológica” (Bento XVI). Ou seja, não é possível ser cristão e abandonar os pobres.

Quando lançamos um olhar para os santos da nossa Igreja, vemo-los totalmente dedicados aos mais pobres. Vejam o Servo de Deus Pe. Júlio Maria: sua primeira preocupação foi aliviar os sofrimentos dos pobres: abrigo, hospital, patronato, farmácia alternativa, educação, visita aos doentes. Gastou todas as suas forças, no Espírito de Jesus, para que os pobres fossem socorridos e aliviados. E assim temos Teresa de Calcutá, Dulce dos Pobres, Helder Câmara, Pedro Casaldáliga, Luciano Mendes, Dorothy Stang e outros milhares.

Qual está sendo a incidência da Palavra de Deus em nossa vida cristã? Nossa vida tem tido como ‘pano de fundo’ o programa de vida de Jesus de Nazaré? Que lugar ocupam os pobres em nossa vida? Como tratamos aqueles que batem à nossa porta? Nossos programas e planejamentos pastorais e comunitários levam em conta os mais pobres? Qual a porcentagem de nosso dízimo é destinada a projetos sociais e assistência aos pobres? Meu olhar para o ser humano se concentra no seu pecado ou na sua dor? Que meios emprego para lutar contra os projetos causadores de dor e de sofrimento no povo? Que tipo de espiritualidade me anima e sustenta?

Fomos ungidos e consagrados pelo Espírito Santo no batismo para anunciarmos a Boa Nova aos pobres. Que significado tem o batismo para mim, para nós?

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

 

JURACY DE MOURA: uma vida de dores e alegrias

aureliano, 01.03.24

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“Hoje, 25 de setembro de 2013, começo mais uma etapa da minha história de vida. Quero, com a graça de Deus, escrever algo sobre a rainha do meu doce lar. Quero contar a bonita e longa história de uma humilde princesa que se encantou por um jovem bem mais velho do que ela e, acima de tudo, nem boa aparência tinha. E tomada por esse encantamento, ela sempre dizia às suas amigas: ‘Se o Zezé for estudar para padre, eu também vou!’”

Com essa introdução do livrinho que o papai escreveu em homenagem à mamãe, por ocasião das Bodas de Diamante (60 anos) de vida matrimonial, deixo a seguir algumas impressões sobre essa mulher, minha mãe, que acaba de terminar sua peregrinação terrestre: voltou para o Pai, neste dia 29 de fevereiro de 2024, às 21h40.

Quando eu era adolescente/jovem sempre tinha no pensamento que a mamãe não fosse chegar aos 50 anos. Isso tinha um motivo: a enfermidade da epilepsia que lhe provocava constantes e terríveis convulsões. Caía na estrada, caía na chapa quente do fogão a lenha, escorregava a mão dentro da frigideira de gordura quente, caía escada abaixo, sobre a mesa, sobre banco, cadeira, pelas estradas empoeiradas ou empedradas etc. O fato é que, muitas e muitas vezes, a mamãe estava se recuperando de algum hematoma ou ferida provocados pelas contínuas e terríveis quedas provocadas pelas convulsões epilépticas. Além de outras reações dolorosas por ocasião de gravidezes. E não foram poucas: 13 filhos.

Marca terrível foi a queimadura no corpo. Foi ao banheiro. Passou mal, lamparina na mão. Fogo pelo corpo. Papai se acorda assustado com aquele clarão. Corre, e com o cobertor, abafa o fogo. Um milagre: apagou o fogo que queimava a mamãe, com outro material inflamável. Mas deu certo. Hospital. Queimadura de terceiro grau. 40 dias hospitalizada. Enxerto na região da barriga para restaurar a epiderme. Mas as cicatrizes da queimadura no pescoço levou-as consigo para o túmulo!

Mamãe era uma mulher brava, nervosa; às vezes alegre, às vezes triste. Seu humor dependia não sei de quê. Quando estava alegrinha, bem humorada era uma beleza. Fazia até quitutes pra gente. Mas quando estava nervosa, só o papai acalmava seu ânimo exaltado. E dava um sorriso maroto no quarto, meio estirada na cama. Quarto e cama, seus companheiros inseparáveis por quase toda a vida. Gostava de ficar no quarto. Sempre. Quando estava brava, fechava a porta com violência. Afora seus arroubos de ira, a porta, ou ficava fechada ou entreaberta.

Mamãe viveu certa angústia e tristeza causadas pela epilepsia. Às vezes manifestava o desejo de morrer. Sabedora da morte de alguém, costumava dizer, referindo-se a si mesma: “Não sei por que essa mulher não morre! Não sei o que está fazendo nesse mundo. Mulher boba. Não serve pra nada”. Eram suas expressões em alguns momentos de dor da alma que só Deus sabe.

Afora essas questões provenientes de sua enfermidade que o papai soube acolher com divina sabedoria, serenidade e paciência, mamãe foi uma mulher cheia de Deus. Nunca deixou de rezar o terço. Quase sempre, mais de um. E não rezava distraída, não. Colocava-se no quarto, em pé junto à cômoda ou à mesa, olhar fixo no quadro ou imagem de Nossa Senhora, rezava com fervor. Enquanto dependeu dela, não perdia a missa. Nunca vi a mamãe batendo papo dentro da igreja. Sempre em oração. Igreja é lugar de oração.

Nestes últimos tempos de sua enfermidade, não se cansava de abençoar os filhos. O filho acompanhante pedia: “abençoa seus filhos!” E ela sempre abençoava com gosto. Quando alguém se despedia, ela abençoava e sempre dizia: “Vai com Deus e Nossa Senhora”.

Mamãe deixa para nós, seus filhos e filhas, um legado de resistência na dor e no sofrimento, de fidelidade ao Senhor e à família, de espírito de oração, de firmeza na fé cristã e católica, de cuidados para conosco dentro dos seus limites.

Agradecemos ao Pai do céu pela vida da mamãe. Iria celebrar 85 anos no próximo dia 23 de maio. Não nos reconhecia mais há anos. Fazia um esforço enorme para tentar adivinhar o nome, quem era etc. Mas, na maioria das vezes não conseguia.

Um belo dia eu comecei a perguntar a ela quem era eu, qual o meu nome etc. Papai estava por perto e me deu a reprimenda: “Não faça isso com sua mãe, não, coitada! Ela sofre por não conseguir se lembrar”. Nunca mais me esqueci do corretivo. E não me havia dado conta de que isso lhe causava sofrimento.

Vá em paz, mamãe! A senhora cumpriu sua missão. Enquanto continuamos nossa peregrinação, vamos nos esforçar para reproduzir em nossa vida um pouco das suas inúmeras virtudes. A senhora sofreu muito. Não se queixava. Não se maldizia. Encontrava força na oração, na comunhão com Deus e Nossa Senhora. "Vá com Deus e Nossa Senhora", como a senhora sempre dizia para nós.

Reproduzo a seguir as lindas palavras do Dom Pedro Cipollini, à época bispo de Amparo/SP, quando teve a oportunidade de ler o livrinho que o papai escreveu em homenagem à mamãe. Foi o Felipe, meu irmão, que o presenteou, e ele o apreciou assim:

Prezado Professor Felipe,

Recebi o livro sobre sua mãe

Da. Juracy de Moura. História comovente e bonita.

A foto de sua mãe na capa do livro diz tudo:

ela olha o tempo com o olhar da eternidade como

a dizer que Deus escolhe o que é fraco neste mundo

para confundir os fortes...grande Juracy, grande aos

olhos de Deus. Ela nem sabe e nem quer saber de

todas estas coisas que se dizem dela...como uma fonte

de água ela está ali, jorrando e saciando a sede sem saber

que o faz.

Obrigado

Meu abraço fraterno

D. Pedro

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Teresina, 29 de fevereiro de 2024.

Jesus alivia a dor e o sofrimento

aureliano, 05.02.21

5º Domingo do Tempo Comum [07 de fevereiro de 2021]

[Mc 1,29-39]

As páginas da Liturgia da Palavra de hoje nos ajudam a refletir sobre a realidade do sofrimento humano e atuação de Deus nessa realidade comum a todas as pessoas.

Muito se escreveu e se disse sobre essa realidade da vida. E muito também se fez e se faz, particularmente por parte daquelas pessoas e instituições que desenvolvem um espírito humano e cristão. E por mais que se diga, nunca se dirá o suficiente e nunca se chegará a uma explicação para essa dura realidade da vida. E por mais que se faça, nunca se encontrará a “pílula da felicidade” que acabe de vez com o sofrimento.

Jesus também não buscou explicação. Ele apresentou uma solução: assumiu o sofrimento humano. É isso mesmo: ele tomou sobre si nossas dores e enfermidades. Não ficou indiferente diante do sofredor. Serviu-se de sua “autoridade”, como vimos no domingo passado, para aliviar as dores e os sofrimentos do ser humano.

O sofrimento está presente na vida de todos. De formas variadas. Em um é a dor física, em outro é dor moral, em outro ainda é a droga na família, o desemprego, a fome, o descaso, o abandono, a traição, o ostracismo, a ingratidão etc. O sofrimento se dá de diferentes formas.

Existe uma mentalidade perversa chamada pelos estudiosos de “teologia da prosperidade” que consiste em afirmar que Deus castiga os maus e recompensa os bons. Ou seja: a prosperidade material é sinal da bênção e Deus e os insucessos são sinais da maldição divina. Se tudo vai bem na vida, então Deus está abençoando. Se tudo vai mal é sinal de que Deus abandonou. Essa ideia traz como consequência o desespero ou a indiferença religiosa e humana, pois a pessoa que assim acredita vive em função de si, de crescer economicamente, de resolver seus problemas a qualquer custo. E como não consegue, entra no desespero total ou na indiferença religiosa e humana. Não se importa com quem sofre. Considera maldição de Deus. Se estiver sofrendo é porque merece, porque pecou etc.

Nas curas que realiza conforme o relato do evangelho de hoje, Jesus mostra o interesse de Deus por quem sofre. Quer que todos estejam bem, assumam com serenidade suas vidas, levantem-se para servir, como a sogra de Pedro: “Segurou-a pela mão e ajudou-a a levantar-se. Então a febre desapareceu e ela começou a servi-los”. Vejam como Jesus muda a perspectiva de lidar com quem sofre: é preciso aproximar-se, tocar, tomar pela mão, ajudar a levantar-se. Então a pessoa terá condições de servir. Mesmo que continue acamada, ela encontra um novo sentido para a vida. Experimenta a alegria da presença de Deus através do irmão que está ali e se coloca ao seu lado.

Jesus veio para todos, por isso vinha gente de todo lado para procurá-lo. Os doentes, abandonados e marginalizados pela sociedade da época, encontraram em Jesus uma possibilidade de restabelecimento de sua saúde física e moral. Agora podem voltar “para o meio”. Podem sair da margem.

A grande causa da dor e do sofrimento continua sendo o pecado. Não o pecado pessoal necessariamente. Esse também pode trazer sofrimento. Mas falo aqui do pecado social, estrutural. Ou seja, há uma estrutura social viciada pelo mal que busca sempre e em todo lugar seu interesse pessoal, seu bem estar, em detrimento dos outros. É a afirmação do crescimento econômico com sacrifício da vida humana e do meio ambiente. É a busca do poder, da dominação que joga os pobres e sofredoras numa sarjeta da qual não conseguem sair. É o abandono e/ou traição da família que fica abandonada á sua própria sorte. Isso é terrível! Isso faz a humanidade sofrer demais! É dessa libertação que as curas realizadas por Jesus são sinais!

E Jesus não se contenta em ficar num mesmo lugar. Vai para outras regiões, percebe outras necessidades. Há gente sofrendo em outros lugares. Está consciente de sua missão. Ele mostra que Deus conhece o sofrimento do homem por dentro. E quer aliviá-lo. Não se alivia o sofrimento simplesmente curando males físicos. Alivia-se o sofrimento curando-se as feridas da alma. Buscando construir uma sociedade em que o sofrimento seja cada vez mais debelado e mesmo ressignificado. Para que a vida, grande dom do Pai, prevaleça sempre mais. “Eu vim para que todos tenham vida”.

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GESTOS ELOQUENTES

Quero retomar aqui uma reflexão do Pe. Adroaldo, jesuíta, que, comentando o relato da cura da sogra de Pedro, destaca três gestos de Jesus que jamais poderão sair de nosso horizonte;

  1. Jesus se aproximou dela: É o gesto que Jesus sempre faz e pediu que fizéssemos: tornar-nos próximos. A dor olhada à distância, pela TV, pelas redes sociais, não dói. Tem gente que chora diante de cenas sensacionalistas da televisão. Mas Jesus fez diferente. Ele se aproximou de quem sofria. É preciso olhar de perto para sentir com quem sofre. E quando o sofredor nos sente pertos, começa a se curar; seus sofrimentos começam a diminuir.
  2. Jesus a tomou pela mão: Jesus infringe a Lei que proibia tocar os doentes e mortos. Quem tocasse esse tipo de pessoa ficava impuro para os exercícios cultuais. Foi por isso que o sacerdote e o levita da parábola do bom samaritano “passaram ao largo”. Estavam indo para o templo. Jesus, no entanto, não hesita em tocar os doentes para curá-los. E aqui Jesus realiza um gesto mais do que um simples toque: toma pela mão. Este gesto demonstra carinho, amizade, solidariedade, bem-querer. Jesus quer nos ensinar que devemos andar pela vida estendendo a mão a quem está caído. Construir comunidade é estender a mão a quem sofre, àqueles que não dão conta de se levantar sozinhos. Querem estar de pé, mas não tem forças. Mais um gesta silencioso do Mestre de Nazaré a nos cutucar.
  3. Jesus ajudou-a a levantar-se: Este gesto é muito próprio de Jesus, pois se refere à ressurreição: levantar-se, ficar de pé, estar vivo. Não basta estender a mão a alguém a modo de politiqueiros que só o fazem para ganhar voto. Não basta pegar a mão de alguém para desejar a paz, na celebração, e por vezes nem se olha no rosto de quem se toca. Não. É preciso continuar o gesto: ajudar os caídos a se levantarem. Nossas mãos são para o outro. Ajudá-lo a colocar-se de pé, a dar um rumo novo à própria vida. Estar de pé significa liberdade, autonomia. É a postura da dignidade, da autoridade, de luminosidade. Em muitas outras ocasiões Jesus procurou levantar, endireitar, colocar de pé os encurvados e humilhados.

Então a mulher “pôs-se a servi-los”: Na perspectiva de Jesus, só poderá servir aquele que estiver livre. O serviço na fé cristã não é servidão ou servilismo, mas a partir da liberdade e generosidade de cada um. Serviço significa cuidado de uns para com os outros. É para isso que existem as comunidades cristãs.

Pai de bondade, que em Jesus curaste tantos doentes, sendo sinal de bondade para tantas pessoas, arranca de nosso coração todo comodismo e preguiça. Torna-nos mais abertos e generosos para ajudar aqueles que nos procuram ou precisam de nós ‘fora de hora’. E faze-nos missionários corajosos para irmos a outros lugares e necessidades. Amém.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

“Não tenhais medo!”

aureliano, 19.06.20

!2º Domingo do TC (Pe. Valdecir -  Caminho Infini

12º Domingo do Tempo Comum [21 de junho de 2020]

[Mt 10,26-33]

Estamos no capítulo 10º de Mateus. Ele chama os discípulos e os envia em missão. Depois de transmitir aos seus discípulos sua própria autoridade (Mt 9,35 – 10,16), Jesus não lhes esconde que deverão enfrentar perseguição e sofrimento por causa dEle. Ao enviar os discípulos, Jesus lhes transmite algumas orientações. São sentenças orientadoras de Jesus para a ação missionária das comunidades. As orientações no relato de hoje querem fortalecer e prevenir o discípulo contra o medo. Não ter medo de ser perseguido por causa do evangelho.

Um dado interessante na vida é que sofrimento e perseguição são realidades diferentes. Enquanto o sofrimento é uma realidade angustiante que atinge a todas as pessoas, inocentes e culpados, a perseguição, na perspectiva da Sagrada Escritura, atinge os justos exatamente por serem justos. O amor e a fidelidade à Palavra de Deus trazem como consequência a perseguição. Nem sempre o sofrimento é fruto de perseguição. Mas a perseguição gera sofrimento. A confiança em Deus dá serenidade para lidar com a dor. É o que podemos notar em Jeremias, como nos atesta a primeira leitura deste domingo: Jr 20,10-13. Elemento fundamental neste relato é a confiança em Deus: “O Senhor está ao meu lado”.  “A ti confiei a minha causa”. “Ele livrou a vida do pobre das mãos dos malvados”.

Por três vezes o Senhor adverte: “Não tenhais medo.” Por que será que Jesus insiste tanto nesse ponto? Na verdade, o medo é um dos maiores impedimentos ao anúncio do evangelho. E este não pode permanecer escondido: “O que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados”. Além disso, o medo expõe o discípulo ao risco de ser renegado: “Aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus”.

Outra dimensão do medo está na linha existencial: medo de ser rejeitado pelo grupo, medo de perder oportunidades, medo de perder o emprego, medo de passar necessidades, medo de tomar decisão, medo de perder privilégios, medo de ser criticado, medo de perder a amizade, medo de ser contaminado por alguma doença, medo de ... Na verdade é sempre medo de perder. A gente só quer ganhar. Na hora de perder, de entregar algo de nós ou nosso, “o bicho pega”. E a vida é um “perde-ganha”. Não há ninguém que sempre ganhe na vida. Todo mundo perde alguma coisa: perde os cabelos, perde a beleza, perde parentes e amigos, perde oportunidade, perde a eleição, perde tempo, perde a alegria, perde demanda judicial, perde encantamento, perde...

Acho que a gente precisa aprender a perder, a lidar com os fracassos e frustrações da vida. Um dos grandes dramas da moçada nova (e velha também!) é lidar com os fracassos, com as perdas. Tem gente que acha que vai ser “brotinho” a vida toda! E começa a pintar aqui, espichar ali, cortar acolá, malhar pra ganhar “sarado”, “bombado”. E aonde vai parar? Não há jeito: o tempo é irreversível; a finitude humana é implacável. Todo mundo caminha para o fim. Então a gente precisa dar um novo sentido à vida. E Cristo veio dar esse sentido: “Se o grão de trigo caído na terra não morrer, permanece só; mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24).

Proclamar o Evangelho do Reino, na comunhão com Cristo, significa empenho pela paz, pela fraternidade, pela justiça. Há duas forças que pressionam o discípulo de Jesus para desistir da empreitada. Podemos nomeá-las em forças externas (perseguições, ameaças de morte, matança de líderes comunitários e agentes de pastorais) e forças internas (desânimo, acomodação, busca de vantagens pessoais, ganância, sede de ter e de poder etc).

Estas forças, de dentro e de fora do ser humano, podem criar uma estrutura fechada, impenetrável, egoísta, que o leva a colocar-se indiferente ao Evangelho. Poderá, talvez, escutá-lo todos os dias na igreja, mas não se deixa penetrar pela Palavra porque criou uma carapaça de busca de si mesmo, de fechamento, de egoísmo, de medo de se doar a quem mais precisa.

A grande questão que precisa ser colocada é que, se o evangelho não é vivido e anunciado, os ídolos, realidades que assumem o lugar de Deus Criador, vão consumindo a humanidade. Idolatria é uma realidade que suga todas as forças e energias que a pessoa tem. Ela mata tudo e todos. A busca do prazer, do ter e do poder a qualquer preço é vislumbre da idolatria. É colocar-se no lugar de Deus, invertendo o processo criacional. Em vez de reconhecer o Senhor como seu Deus, quer submeter o Criador ao seu domínio. Fomos criados por Deus; ele criou tudo para nós; e nós existimos por Ele e para Ele. Este é o sentido da Criação.

Podemos dizer que a mensagem principal do relato de hoje é que o discípulo de Jesus não pode se deixar levar pelo medo, pois Jesus prometeu estar com os seus. Ele não nos abandona, jamais. O medo é paralisante e contrário ao evangelho. Para anunciar o evangelho é preciso vencer o medo e ter a coragem de desapegar-se da própria vida. A confiança e a esperança devem superar o medo. Também é preciso enfrentar os inimigos internos: o comodismo, a preguiça, o envergonhar-se de assumir uma postura cristã, a busca do lucro a qualquer preço, querer sempre levar vantagem em cima dos outros etc. Vive como cristão aquele que coloca Jesus Cristo como centro de sua vida e de suas opções e decisões. O caminho que Jesus nos mostra é o caminho da vida. Sigamos por ele!

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Jesus e o sofrimento humano

aureliano, 02.02.18

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5º Domingo do Tempo Comum [04 de fevereiro de 2018]

[Mc 1,29-39]

As páginas da Liturgia da Palavra de hoje nos ajudam a refletir sobre a realidade do sofrimento humano e atuação de Deus nessa realidade comum a todas as pessoas.

Muito se escreveu e se disse sobre essa realidade da vida. E muito também se fez e se faz, particularmente por parte daquelas pessoas e instituições que desenvolvem um espírito humano e cristão. E por mais que se diga, nunca se dirá o suficiente e nunca se chegará a uma explicação para essa dura realidade da vida. E por mais que se faça, nunca se encontrará a “pílula da felicidade” que acabe de vez com o sofrimento.

Jesus também não buscou explicação. Ele apresentou uma solução: assumiu o sofrimento humano. É isso mesmo: ele tomou sobre si nossas dores e enfermidades. Não ficou indiferente diante do sofredor. Serviu-se de sua “autoridade”, como vimos no domingo passado, para aliviar as dores e os sofrimentos do ser humano.

O sofrimento está presente na vida de todos. De formas variadas. Em um é a dor física, em outro é dor moral, em outro ainda é a droga na família, o desemprego, a fome, o descaso, o abandono, a traição, o ostracismo, a ingratidão etc. O sofrimento se dá de diferentes formas.

Existe uma mentalidade perversa chamada pelos estudiosos de “teologia da prosperidade” que consiste em afirmar que Deus castiga os maus e recompensa os bons. Ou seja: a prosperidade material é sinal da bênção e Deus e os insucessos são sinais da maldição divina. Se tudo vai bem na vida, então Deus está abençoando. Se tudo vai mal é sinal de que Deus abandonou. Essa ideia traz como consequência o desespero ou a indiferença religiosa e humana, pois a pessoa que assim acredita vive em função de si, de crescer economicamente, de resolver seus problemas a qualquer custo. E como não consegue, entra no desespero total ou na indiferença religiosa e humana. Não se importa com quem sofre. Considera maldição de Deus. Se estiver sofrendo é porque merece, porque pecou etc.

Nas curas que realiza conforme o relato do evangelho de hoje, Jesus mostra o interesse de Deus por quem sofre. Quer que todos estejam bem, assumam com serenidade suas vidas, levantem-se para servir, como a sogra de Pedro: “Segurou-a pela mão e ajudou-a a levantar-se. Então a febre desapareceu e ela começou a servi-los”. Vejam como Jesus muda a perspectiva de lidar com quem sofre: é preciso aproximar-se, tocar, tomar pela mão, ajudar a levantar-se. Então a pessoa terá condições de servir. Mesmo que continue acamada, ela encontra um novo sentido para a vida. Experimenta a alegria da presença de Deus através do irmão que está ali e se coloca ao seu lado.

Jesus veio para todos, por isso vinha gente de todo lado para procurá-lo. Os doentes, abandonados e marginalizados pela sociedade da época, encontraram em Jesus uma possibilidade de restabelecimento de sua saúde física e moral. Agora podem voltar “para o meio”. Podem sair da margem.

A grande causa da dor e do sofrimento continua sendo o pecado. Não o pecado pessoal necessariamente. Esse também pode trazer sofrimento. Mas falo aqui do pecado social, estrutural. Ou seja, há uma estrutura social viciada pelo mal que busca sempre e em todo lugar seu interesse pessoal, seu bem estar, em detrimento dos outros. É o crescimento econômico a qualquer preço. É a busca do poder, da dominação que joga os pobres e sofredoras numa sarjeta da qual não conseguem sair. É o abandono e/ou traição da família que fica abandonada á sua própria sorte. Isso é terrível! Isso faz a humanidade sofrer demais! É dessa libertação que as curas realizadas por Jesus são sinais!

E Jesus não se contenta em ficar num mesmo lugar. Vai para outras regiões, percebe outras necessidades. Há gente sofrendo em outros lugares. Está consciente de sua missão. Ele mostra que Deus conhece o sofrimento do homem por dentro. E quer aliviá-lo. Não se alivia o sofrimento simplesmente curando males físicos. Alivia-se o sofrimento curando-se as feridas da alma. Buscando construir uma sociedade em que o sofrimento seja cada vez mais debelado e mesmo ressignificado. Para que a vida, grande dom do Pai, prevaleça sempre mais. “Eu vim para que todos tenham vida”.

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GESTOS ELOQUENTES

Quero retomar aqui uma reflexão do Pe. Adroaldo, jesuíta, que, comentando o relato da cura da sogra de Pedro, destaca três gestos de Jesus que jamais poderão sair de nosso horizonte;

  1. Jesus se aproximou dela: É o gesto que Jesus sempre faz e pediu que fizéssemos: tornar-nos próximos. A dor olhada à distância, pela TV, pelas redes sociais, não dói. Tem gente que chora diante de cenas sensacionalistas da televisão. Mas Jesus fez diferente. Ele se aproximou de quem sofria. É preciso olhar de perto para sentir com quem sofre. E quando o sofredor nos sente pertos, começa a se curar; seus sofrimentos começam a diminuir.
  2. Jesus a tomou pela mão: Jesus infringe a Lei que proibia tocar os doentes e mortos. Quem tocasse esse tipo de pessoa ficava impuro para os exercícios cultuais. Foi por isso que o sacerdote e o levita da parábola do bom samaritano “passaram ao largo”. Estavam indo para o templo. Jesus, no entanto, não hesita em tocar os doentes para curá-los. E aqui Jesus realiza um gesto mais do que um simples toque: toma pela mão. Este gesto demonstra carinho, amizade, solidariedade, bem-querer. Jesus quer nos ensinar que devemos andar pela vida estendendo a mão a quem está caído. Construir comunidade é estender a mão a quem sofre, àqueles que não dão conta de se levantar sozinhos. Querem estar de pé, mas não tem forças. Mais um gesta silencioso do Mestre de Nazaré a nos cutucar.
  3. Jesus ajudou-a a levantar-se: Este gesto é muito próprio de Jesus, pois se refere à ressurreição: levantar-se, ficar de pé, estar vivo. Não basta estender a mão a alguém a modo de politiqueiros que só o fazem para ganhar voto. Não basta pegar a mão de alguém para desejar a paz, na celebração, e por vezes nem se olha no rosto de quem se toca. Não. É preciso continuar o gesto: ajudar os caídos a se levantarem. Nossas mãos são para o outro. Ajudá-lo a colocar-se de pé, a dar um rumo novo à própria vida. Estar de pé significa liberdade, autonomia. É a postura da dignidade, da autoridade, de luminosidade. Em muitas outras ocasiões Jesus procurou levantar, endireitar, colocar de pé os encurvados e humilhados.

Então a mulher “pôs-se a servi-los”: Na perspectiva de Jesus, só poderá servir aquele que estiver livre. O serviço na fé cristã não é servidão ou servilismo, mas a partir da liberdade e generosidade de cada um. Serviço significa cuidado de uns para com os outros. É para isso que existem as comunidades cristãs.

Pai de bondade, que em Jesus curaste tantos doentes, sendo sinal de bondade para tantas pessoas, arranca de nosso coração todo comodismo e preguiça. Torna-nos mais abertos e generosos para ajudar aqueles que nos procuram ou precisam de nós ‘fora de hora’. E faze-nos missionários corajosos para irmos a outros lugares e necessidades. Amém.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Que significa “tomar a cruz”?

aureliano, 01.09.17

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22º Domingo do Tempo Comum [03 de setembro de 2017]

[Mt 16,21-27]

Estamos no capítulo 16 de Mateus, exatamente no momento posterior à profissão de fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Se antes era “bem-aventurado” (“Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas...”), agora Pedro é cognominado de “satanás”: “Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens” (Mt 16,23). Essa contradição no texto de Mateus sugere algumas possíveis interpretações: revela que Pedro proclamava o Messias Salvador pela força do Espírito, sem compreender ainda o que dizia; também pode ser algo revelador da fragilidade de Pedro, que não conseguiu manter-se firme diante da cruz; pode ainda expressar uma exaltação da instituição eclesial pela comunidade, tardiamente; segundo alguns autores, parece demonstrar a dificuldade que a Igreja tinha, representada na pessoa de Pedro, em assumir a cruz, a perseguição por causa do Evangelho.

Bem. Para além das questões exegéticas, muito embora importantes para fiel interpretação do texto, queremos que o relato que proclamamos hoje seja uma luz para nossa vida cristã. E um fato, sem dúvida, norteador do episódio de hoje é a cruz.

A cruz era o instrumento de suplício que os romanos aplicavam aos revoltosos contra o regime imperial. Era o pior castigo que uma pessoa podia receber: afixados à cruz, nus, à beira do caminho para que todos pudessem ver e se intimidar, deixados por lá até à morte. Muitos eram devorados pelas aves de rapina. A crucifixão, segundo o historiador Flávio Josefo, era um horror.

Quando Jesus fala da cruz como projeto de vida, ele não quer dizer com isso que gosta de ver seu discípulo sofrer; muito menos que ele mesmo quer sofrer. Seria uma insanidade! Jesus não é masoquista, nem paranoia. Quer apenas dizer que o projeto do Pai que ele veio anunciar e realizar não visa ao sucesso, à realização pessoal apenas, mas implica rejeição, perseguição, dor e morte produzidas pela ganância de poder e de ter que pervade a sociedade. Em outras palavras, o seguimento de Jesus implica cruz por ser um projeto de vida num mundo imbuído de um projeto de morte. “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. Deus não quer ‘sacrificar’ as pessoas (isso já o faz a sociedade idolátrica), mas quer testemunhas de seu projeto: mostrar que Deus ama a humanidade e quer que todos vivam esse amor.

Por vezes confundimos a cruz com qualquer desgraça que acontece na vida ou mal-estar produzido pelo nosso próprio pecado. Jesus não está falando desse tipo de sofrimento. Tomar a cruz aqui significa assumir nossa profissão de fé, encarnar na vida as palavras e atitudes de Jesus. Seria um erro confessar a Jesus “Filho do Deus vivo” e negá-lo na vida cotidiana.

Tomar a cruz é assumir a atitude cristã de doar-se, de deixar-se seduzir pelo amor de Jesus (cf. Jr 20,7), assumindo uma atitude de combate ao consumismo, à ambição, à destruição da mãe Terra (vejam o que o Governo Federal está fazendo com as reservas ambientais – RENCA!), à violência contra as crianças, adolescentes e jovens, à violência e desrespeito às mulheres, ao desprezo e desrespeito para com os idosos.

Tomar a cruz é assumir na própria vida os sentimentos de Jesus. Olhar as pessoas com o olhar de Jesus, acolhendo as diferenças, aceitando com serenidade as críticas, enfrentando e vencendo os preconceitos, tendo coragem de andar na contramão da história por causa de Jesus. É estar atento àqueles que passam por dificuldades e colocar-se ao lado deles. “Ele (Jesus) sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados” (Prefácio da Oração Eucarística VI - D).

É assumir posturas e projetos que defendem a vida contra os projetos de morte. É renovar nossa maneira de ver e de julgar; renovar nossa mentalidade, deixando de pensar e de viver a lógica do mundo enquanto é injusto, ganancioso, mentiroso, perverso e enganador, para fazer a vontade de Deus (cf. Rm 12,2).

Assumir a cruz de cada dia é o nosso culto espiritual (cf. Rm 12,1). Numa nova mentalidade, pensar como Deus e não como os homens (Mt 16,23).     Isso é tarefa para todos os dias da vida!

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN