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aurelius

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As consequências da fé batismal

aureliano, 10.06.22

Santíssima Trindade - 07 de junho 2020.jpg

Domingo da Santíssima Trindade [12 de junho de 2022]

[Jo 16,12-15]

Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. Quase sempre, neste dia, ficamos presos a explicações intelectualizantes sobre a Santíssima Trindade. Numa tentativa de ‘explicar o inexplicável’. Ou seja, o Mistério de Deus em Três Pessoas deve ser crido e não explicado. Deve ser entendido, porém a partir do ‘mergulho’ (batismo) nele. No dizer de Santo Agostinho “é preciso crer para entender” (credo ut intelligam). Ultrapassa nossa inteligência humana e limitada, mas não a contradiz. É um mistério que nos envolve, nos fascina, nos encanta: tremendum et fascinans, (tremendo e fascinante), na expressão de Rudolf Otto. Não se trata de algo inacessível ou incognoscível. Mas trata-se de um mistério que nos ultrapassa, nos espanta, nos encanta e nos atrai. Enquanto não nos deixarmos tomar por ele para nele nos movermos e existirmos (cf. At 17,28), não conseguiremos compreendê-lo.

Desejo discorrer um pouco sobre a profissão de fé, realidade implícita ao batismo, sacramento que nos introduz na vida de Deus e na comunidade cristã. Professamos a fé através do Credo, todos os domingos na celebração eucarística; renovamo-la nas celebrações batismais; mas ainda não damos conta do que esta realidade significa e compromete nossa vida toda.

Imediatamente antes de derramar a água na cabeça daquele que vai ser batizado, o ministro o convida a fazer a promessa de ‘renúncia ao mal’ (conversão); em seguida o convida a professar a fé (“crês”). Por este ato a Igreja professa sua fé no Pai, no Filho, no Espírito Santo. Queremos ajudar a compreender o que isso significa em nossa vida.

Creio em Deus Pai todo poderoso: reafirmamos nossa fé em Deus que é nosso Pai, que nos criou e cuida de nós com carinho. Um Pai que não nos abandona. Mesmo quando passamos por sofrimentos e tribulações, por dificuldades que não compreendemos e que por vezes não buscamos nem merecemos, Ele está ao nosso lado. Ampara-nos com seu amor que nunca falha. Sua promessa jamais será tirada. Podemos dizer com confiança Pai nosso, isto é, Paizinho querido (Abbá)! Mesmo que estejamos naquelas situações de risco, de desespero, de desalento, de decepção, Ele está perto de nós, dentro de nós. Muitos o negam. Muitos quebram a aliança de amor que Ele fez conosco. Nossos filhos recusam seu amor. Mas Ele continua fiel e amoroso. Podemos confiar nele. Cremos nele!

Nesses tempos de destruição galopante do meio ambiente, de exploração irresponsável e insustentável da terra, é bom nos lembrarmos de que Deus Pai é o Criador de todas as coisas. Ele criou o mundo para que cuidemos dele, o cultivemos com respeito e amor. E pensemos em quem virá depois de nós. Os agrotóxicos sem medida, as mineradoras irresponsáveis, os desmatamentos desumanos, as poluições dos rios e dos lençóis freáticos são uma bofetada no rosto do Pai Criador. É destruição daquilo que Ele criou para todos. A terra não pertence a quem tem dinheiro. Ela foi criada para todos os seres vivos. É um dom do Pai para todos nós. Não tem dono. Deve ter cuidadores, cultivadores, zeladores, jardineiros.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor. Jesus, o Filho do Pai amado, nascido da Virgem Maria. É o presente de Deus para nós. Veio a esse mundo e entregou sua vida por nós. Mostrou-nos quem é o Pai. Seus gestos e palavras são expressão de que o Pai nos ama e quer nosso bem e nossa salvação. Devolve a saúde aos doentes, dá o perdão aos pecadores, acolhe a todos que vêm a ele em busca de conforto, de perdão e de paz. Tudo nele revela o rosto bondoso e maternal do Pai/Mãe que cuida de todos com carinho e amor. O Filho mostrou-nos o caminho da vida: é preciso amar sempre, até o fim, dar a vida. “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso”. Se nos esquecemos de Jesus, se o deixamos de lado, quem vai preencher o vazio do nosso coração? Somente Jesus pode preencher as profundezas e compreender as ‘dobras’ do nosso coração. Somente uma vida vivida de acordo com o ensinamento de Jesus pode ser verdadeiramente feliz. É a consequência do batismo.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida: é o mistério que celebramos no domingo de Pentecostes: o Espírito Santo foi derramado em nossos corações. Recebemos a missão de ‘fazer discípulos e de batizar’, porém com a força do Espírito Santo. Ele já nos foi dado. Está dentro de cada um de nós. É o amor do Pai e do Filho. É o “Vento” santo de Deus que nos coloca em movimento, como aconteceu à Virgem Maria que, uma vez inundada da força do alto, foi às pressas ajudar sua prima Isabel. Esse “Sopro” santo nos deixa leves, nos ajuda a abandonar as “obras da carne” para vivermos a “liberdade dos filhos de Deus”. É o “sopro” que nos perdoa, nos liberta, nos santifica, nos leva em direção àqueles que precisam de nós. É o Espírito de Deus que nos ajuda a vencer o espírito do mundo: o lucro a qualquer custo, a ganância, a mentira, a corrupção, a exploração, a preguiça, o comodismo. É o “Senhor doador da vida” que nos move a defender a vida sempre e em qualquer circunstância.

É nesta fé que fomos batizados. É esta a realidade que professamos e que somos chamados a viver. Não se trata, pois, de ‘segredos’ nem de ‘mistérios’, mas de um convite amoroso a vivermos essa fé trinitária, fazendo de nossa vida um hino de louvor à Trindade Santa: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo para sempre. Amém”. Lembrados sempre do dizer de Santo Irineu de Lião: “A glória de Deus é o ser humano vivo. E a vida do ser humano é a visão de Deus”.

Santo Agostinho, tentando entender o Mistério da Santíssima Trindade, passeava pela praia e viu uma criança colocando água do mar num poço feito na areia. Brincou: “O mar nunca caberá aí”. Ao que a criança respondeu: “Assim também não vai caber na tua cabeça o mistério da Santíssima Trindade”. Pois bem, se não conseguimos colocar o mistério do amor de Deus em nossa cabeça, coloquemos nossa cabeça e nossa vida toda dentro desse mistério! Ou seja, deixemo-nos envolver pela Trindade Santa que nos habita para que nossa vida seja expressão de sua bondade no mundo.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

As consequências da fé batismal

aureliano, 14.06.19

Santíssima Trindade - 16 de junho, C.jpg

Domingo da Santíssima Trindade [16 de junho de 2019]

[Jo 16,12-15]

Celebramos hoje a Solenidade da Santíssima Trindade. Quase sempre, neste dia, ficamos presos a explicações intelectualizantes sobre a Santíssima Trindade. Numa tentativa de ‘explicar o inexplicável’. Ou seja, o Mistério de Deus em Três Pessoas deve ser crido e não explicado. Deve ser entendido, porém a partir do ‘mergulho’ (batismo) nele. No dizer de Santo Agostinho “é preciso crer para entender” (credo ut intelligam). Ultrapassa nossa inteligência humana e limitada, mas não a contradiz. É um mistério que nos envolve, nos fascina, nos encanta: tremendum et fascinans, (tremendo e fascinante), na expressão de Rudolf Otto. Não se trata de algo inacessível ou incognoscível. Mas trata-se de um mistério que nos ultrapassa, nos espanta e nos encanta. Enquanto não nos deixarmos tomar por ele para nele nos movermos e existirmos (cf. At 17,28), não conseguiremos compreendê-lo.

Desejo discorrer um pouco sobre a profissão de fé, realidade implícita ao batismo, sacramento que nos introduz na vida de Deus e na comunidade cristã. Professamos a fé através do Credo, todos os domingos na celebração eucarística; renovamo-la nas celebrações batismais; mas ainda não damos conta do que esta realidade significa e compromete nossa vida toda.

Imediatamente antes de derramar a água na cabeça daquele que vai ser batizado, o ministro o convida a fazer a promessa de ‘renúncia ao mal’ (conversão); em seguida o convida a professar a fé (“crês”). Por este ato a Igreja professa sua fé no Pai, no Filho, no Espírito Santo. Queremos ajudar a compreender o que isso significa em nossa vida.

Creio em Deus Pai todo poderoso: reafirmamos nossa fé em Deus que é nosso Pai, que nos criou e cuida de nós com carinho. Um Pai que não nos abandona. Mesmo quando passamos por sofrimentos e tribulações, por dificuldades que não compreendemos e que por vezes não buscamos nem merecemos, Ele está ao nosso lado. Ampara-nos com seu amor que nunca falha. Sua promessa jamais será tirada. Podemos dizer com confiança Pai nosso, isto é, Paizinho querido (Abbá)! Mesmo que estejamos naquelas situações de risco, de desespero, de desalento, de decepção, Ele está perto de nós, dentro de nós. Muitos o negam. Muitos quebram a aliança de amor que Ele fez conosco. Nossos filhos recusam seu amor. Mas Ele continua fiel e amoroso. Podemos confiar nele. Cremos nele!

Nesses tempos de destruição galopante do meio ambiente, é bom nos lembrarmos de que Deus Pai é o Criador de todas as coisas. Ele criou o mundo para que cuidemos dele, o cultivemos com respeito e amor. E pensemos em quem virá depois de nós. Os agrotóxicos sem medida, as mineradoras irresponsáveis, os desmatamentos desumanos, as poluições dos rios e dos lençóis freáticos são uma bofetada no rosto do Pai Criador. É destruição daquilo que Ele criou para todos. A terra não pertence a quem tem dinheiro. Ela foi criada para todos os seres vivos. É um dom do Pai para todos nós. Não tem dono. Deve ter cuidadores, cultivadores, zeladores.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor. Jesus, o Filho do Pai amado, nascido da Virgem Maria. É o presente de Deus para nós. Veio a esse mundo e entregou sua vida por nós. Mostrou-nos quem é o Pai. Seus gestos e palavras são expressão de que o Pai nos ama e quer nosso bem e nossa salvação. Devolve a saúde aos doentes, dá o perdão aos pecadores, acolhe a todos que vêm a ele em busca de conforto, de perdão e de paz. Tudo nele revela o rosto bondoso e maternal do Pai/Mãe que cuida de todos com carinho e amor. O Filho mostrou-nos o caminho da vida: é preciso amar sempre, até o fim, dar a vida. “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso”. Se nos esquecemos de Jesus, se o deixamos de lado, quem vai preencher o vazio do nosso coração? Somente Jesus pode preencher as profundezas e compreender as ‘dobras’ do nosso coração. Somente uma vida vivida de acordo com o ensinamento de Jesus pode ser verdadeiramente feliz. É a consequência do batismo.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida: é o mistério que celebramos no domingo de Pentecostes: o Espírito Santo foi derramado em nossos corações. Recebemos a missão de ‘fazer discípulos e de batizar’, porém com a força do Espírito Santo. Ele já nos foi dado. Está dentro de cada um de nós. É o amor do Pai e do Filho. É o “Vento” santo de Deus que nos coloca em movimento, como aconteceu à Virgem Maria que, uma vez inundada da força do alto, foi às pressas ajudar sua prima Isabel. Esse “Sopro” santo nos deixa leves, nos ajuda a abandonar as “obras da carne” para vivermos a “liberdade dos filhos de Deus”. É o “sopro” que nos perdoa, nos liberta, nos santifica, nos leva em direção àqueles que precisam de nós. É o Espírito de Deus que nos ajuda a vencer o espírito do mundo: o lucro a qualquer custo, a ganância, a mentira, a corrupção, a exploração, a preguiça, o comodismo. É o “Senhor doador da vida” que nos move a defender a vida sempre e em qualquer circunstância.

É nesta fé que fomos batizados. É esta a realidade que professamos e que somos chamados a viver. Não se trata, pois, de ‘segredos’ nem de ‘mistérios’, mas de um convite amoroso a vivermos essa fé trinitária, fazendo de nossa vida um hino de louvor à Trindade Santa: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo para sempre. Amém”. Lembrados sempre do dizer de Santo Irineu de Lião: “A glória de Deus é o ser humano vivo. E a vida do ser humano é a visão de Deus”.

Santo Agostinho, tentando entender o Mistério da Santíssima Trindade, passeava pela praia e viu uma criança colocando água do mar num poço feito na areia. Brincou: “O mar nunca caberá aí”. Ao que a criança respondeu: “Assim também não vai caber na tua cabeça o mistério da Santíssima Trindade”. Pois bem, se não conseguimos colocar o mistério do amor de Deus em nossa cabeça, coloquemos nossa cabeça e nossa vida toda dentro desse mistério! Ou seja, deixemo-nos envolver pela Trindade Santa que nos habita para que nossa vida seja expressão de sua bondade no mundo.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

Vocação e missão de profeta

aureliano, 01.02.19

4º Domingo do TC C.jpg

4º Domingo do Tempo Comum [03 de fevereiro de 2019]

[Lc 4,21-30]

O relato evangélico deste domingo é continuação do relato do domingo passado. Você está lembrado: refletimos o “programa” de vida de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim e me ungiu para evangelizar os pobres”.

Jesus está na sinagoga de Nazaré, sua terra, e inicia seu ministério profético a partir da Palavra que diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. A base de orientação de vida e missão de Jesus é a Palavra de Deus. E ele toma por fundamento de sua missão principalmente os textos proféticos. Pois ele é o Profeta, o Santo de Deus. Aquele que veio para ser “sinal de contradição” (Lc 2,34). Suas palavras e suas ações se tornam sinais de queda e de soerguimento. Uma vez conhecido o ensinamento de Jesus, acontece um juízo para quem entra nessa dinâmica: salvação ou condenação. Ou o acolhemos ou o rejeitamos. É o que decide o sentido e o acerto na vida, ou o desacerto de nossa passagem pelo mundo.

Muitos tinham por Jesus uma “admiração”. “Espantavam-se da mensagem da graça que saía de sua boca”. É interessante notar que o primeiro passo da fé é a admiração, o encantamento, o espanto. A pessoa começa a se sentir atraída pelo “tremendum et fascinans” do Mistério de Deus que nos envolve. Ou seja, o divino revelado por Jesus mexia com o coração da pessoa.

O problema, porém, vem logo a seguir: a rejeição. “Não é ele o filho de José?”. Não se abrem num espírito de humildade para verem e contemplarem naquele “Homem de Nazaré” a manifestação do amor de Deus que convida à conversão. Por isso se enchem de ira contra ele e o expulsam da cidade.

O relato de hoje quer nos mostrar que muitas vezes escutamos a Palavra, a admiramos, mas julgamos que ela se dirige a outros. É como se Deus estivesse falando para o meu vizinho, para alguém da minha família, para o colega de trabalho. É difícil nos colocarmos desarmados e desnudados diante da Palavra que nos interpela. Ainda mais: como é difícil acolher a palavra profética de alguém que está bem perto de nós, cujos defeitos, família, origens conhecemos bem! Mesmo que aquela pessoa esteja dizendo a verdade, preferimos nos desculpar, atirar-lhe ao rosto suas mazelas e de sua família.

Outra dificuldade muito presente em nossas comunidades são o preconceito e o privilégio. Excluímos com facilidade a pessoas, julgamos, condenamos. Uma tentação de reduzir a comunidade eclesial a um “clube” de pessoas perfeitas, conhecidas, amigas, cúmplices. E uma tendência a buscar privilégios: “fulano tem um irmão padre, é parente da secretária, é amigo do coordenador” etc. E se fazem atalhos para conseguir isso ou aquilo da igreja. Esquece-se que a Igreja é o Povo de Deus que se reúne como comunidade de fé e de vida, na busca do bem comum de todas as pessoas, a partir da fé em Jesus Cristo vivo e ressuscitado.

O ditado dos judeus: “Nenhum profeta é profeta em sua terra” não deveria encontrar ressonância entre nós. Esse ditado, assim como este outro semelhante: “Santo de casa não faz milagre”, deveriam ser banidos do nosso meio. É uma armadilha de Satanás para nos prender nos nossos vícios e defeitos. Não nos deixam mudar de vida. A Palavra de Deus mexe com nossas estruturas, mas o nosso egoísmo e autossuficiência, quais demônios terríveis, nos prendem e nos escravizam. É preciso deixar que a Luz trazida por Jesus penetre em nossa vida e, expulsando nossas trevas, ilumine nossos caminhos. Se a porta estiver fechada fica difícil a penetração da luz. “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20).

O profeta é a consciência crítica do povo. Ele não fala em nome da razão simplesmente, mas em nome de Deus. Nossa Igreja, hoje, vive uma crise de profetas. Eles estão meio sumidos, apagados talvez. Todos os batizados são ungidos profetas. Mas o profetismo não aparece. Talvez pelo risco que se corre, pois o profeta é o defensor dos oprimidos, dos fracos, dos marginalizados. É a voz de quem não tem voz nem vez. É o homem da esperança e da confiança. O fracasso não o desanima. A ameaça dos maus não o intimida. O profeta, homem de Deus, vê o que Deus vê. À luz do alto, é capaz de perceber o “escondido”, de apontar saídas, de prever os riscos quando se está num caminho de morte com aparência de vida. O profeta faz uma leitura divina dos acontecimentos. Sua presença introduz uma esperança nova. Ajuda a pensar o futuro de acordo com a liberdade e o amor de Deus. Papa Francisco parece trilhar este caminho.

Fazemos memória, com saudade, de Dom Hélder Câmara, de Dom Luciano, de Irmã Dorothy, de Dom Antônio Filipe, de Pe. Jesus Moreira de Resende dentre tantos outros profetas e profetisas do Reino de Deus. Ainda há alguns profetas em nosso meio, mas parece que os ventos levam suas vozes para o deserto. Há muito dificuldade em ouvi-los. O espírito mundano pervade nossas famílias e comunidades, embaça nossa mente e nosso coração, impedindo que se ouça e se siga a voz do profeta. A busca insaciável pelo dinheiro, pelo poder a qualquer custo, pelo consumismo, pelo prazer desmedido emudece, ensurdece e cega as pessoas.

Uma palavra do Pe. José Antônio Pagola que dá o que pensar, reza assim: “Uma Igreja que ignora a dimensão profética de Jesus e de seus seguidores, corre o risco de ficar sem profetas. Preocupa-nos muito a escassez de sacerdotes e pedimos vocações para o serviço sacerdotal. Por que não pedimos que Deus suscite profetas? Não precisamos deles? Não sentimos necessidade de suscitar o espírito profético em nossas comunidades?” (O caminho aberto por Jesus, p. 88).

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN